Lula celebra Dia da Vitória na Rússia em evento sem líderes ocidentais
- Monica Stahelin
- 9 de mai.
- 3 min de leitura

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa, nesta sexta-feira (9), da comemoração pelos 80 anos da derrota da Alemanha nazista para o exército soviético na Segunda Guerra Mundial. A cerimónia, que ocorre em Moscovo, marca o Dia da Vitória, uma data histórica para a Rússia, mas é destacada pela ausência dos principais líderes ocidentais, que, devido à guerra na Ucrânia, se distanciaram deste evento.
Participação de Lula e ausências notáveis
Lula, ao lado de outras figuras internacionais como o presidente chinês, Xi Jinping, e os líderes de Cuba e Venezuela, assistirá ao desfile militar na Praça Vermelha. O governo de Vladimir Putin utiliza o 9 de maio para exibir o poderio militar da Rússia, com uma demonstração de forças e exibição de armamentos. A lista de chefes de Estado convidados é composta por 29 nomes, entre eles, aliados como o presidente da Bielorrússia, Aleksandr Lukashenko, e o da Sérvia, Aleksandar Vucic.
Contudo, a ausência de líderes de potências ocidentais como os presidentes da Alemanha, Reino Unido, França e Estados Unidos, é notória, já que estes países são críticos da invasão russa à Ucrânia. A Alemanha, que sempre fez parte dos Aliados da Segunda Guerra Mundial, nem sequer foi convidada, refletindo a crescente tensão entre a Rússia e o Ocidente.
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Lula e a tentativa de mediação na guerra da Ucrânia
Durante a visita, Lula terá uma reunião bilateral com Vladimir Putin, uma tentativa de conquistar um papel de mediador no conflito com a Ucrânia. No entanto, críticos afirmam que a aproximação do presidente brasileiro com Putin dificulta sua credibilidade como mediador. Em entrevista à revista norte-americana The New Yorker, Lula mencionou ter solicitado a Putin que colocasse fim à guerra e voltasse à diplomacia, afirmando que o mundo precisa de “política, não de guerra”.
Implicações para as relações do Brasil e a política externa
A viagem de Lula a Moscovo também é vista como um movimento em direção à valorização dos Brics, grupo de países com o qual a Rússia e a China estão fortemente alinhados. Especialistas sugerem que a presença de Lula neste evento pode ser interpretada como um sinal de alinhamento mais próximo com esses países, o que poderia ser visto como um distanciamento das potências ocidentais. Para Giovana Branco, especialista em relações Brasil-Rússia, a postura de neutralidade do Brasil na guerra da Ucrânia é vista como um apoio indireto à Rússia.
Além de Putin, Lula também se reunirá com o primeiro-ministro da Eslováquia, Roberto Fico, conhecido por suas posições críticas à Ucrânia e por seus flertes com práticas autocráticas.
Próximos passos: China e aprofundamento de laços econômicos
Após Moscovo, o presidente brasileiro segue para a China, onde deve discutir questões econômicas com Xi Jinping, especialmente alternativas às tarifas impostas pelos Estados Unidos. Este movimento reforça ainda mais a estratégia do Brasil em estreitar os laços com os países do Brics, que têm se distanciado do Ocidente.
O evento em Moscovo, embora tradicionalmente uma data de grande significado para a Rússia, adquire um novo contexto dado o atual cenário de guerra, e a presença de Lula reflete a tentativa do Brasil de marcar uma posição independente na política internacional, especialmente na questão do conflito na Ucrânia.
M.S.
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