Áreas protegidas a crescer, mas risco de incêndios dispara
- Monica Stahelin
- 30 de jun.
- 2 min de leitura

Um estudo recente conduzido pela Universidade de Lérida, com participação do investigador português Paulo Fernandes, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), revelou que o aumento das áreas protegidas nas últimas duas décadas tem contribuído para agravar o risco de incêndios florestais, especialmente no sudoeste da Europa e na Austrália.
Crescimento das Zonas Protegidas e Incêndios Mais Violentos
A investigação analisou 76.621 incêndios registados ao longo de 20 anos em regiões como o sudoeste da Europa — incluindo Portugal, Espanha e sul de França — além da Califórnia, Chile e sudeste da Austrália.
Os dados mostram que, apesar das áreas protegidas terem aumentado 17% nesse período, a área ardida no seu interior cresceu em média 42%. No sudoeste da Europa, por exemplo, as zonas protegidas passaram de 21% para 38% da superfície florestal entre 2001 e 2021, enquanto os incêndios nessas áreas subiram de 13% para 55% da superfície total ardida.
“O alargamento das zonas florestais estritamente protegidas, onde a intervenção humana é muito limitada, pode ter consequências dramáticas nos incêndios, somando-se aos efeitos do abandono rural em curso”, destacou Paulo Fernandes, citado no comunicado da investigação.
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Impactos da Legislação Internacional e Necessidade de Intervenção
O estudo também abordou os potenciais impactos da expansão da proteção ambiental proposta pela Lei de Restauração da Natureza da União Europeia e pela Convenção sobre Diversidade Biológica, enquadrada no Acordo de Kunming-Montreal sobre Biodiversidade.
Entre as causas apontadas para a maior gravidade dos incêndios em áreas protegidas destacam-se a acumulação de biomassa combustível, a dificuldade de acesso devido à escassez de estradas e a orografia complexa, como terrenos mais íngremes e altitudes elevadas.
Para reduzir os impactos e a exposição da população, sobretudo nas periferias das florestas protegidas — onde o risco é até 16 vezes superior —, os autores defendem que os programas de conservação devem incluir estratégias eficazes de prevenção, nomeadamente através de intervenções na gestão da vegetação.
O estudo, que reforça a necessidade de conciliar proteção ambiental com medidas de segurança contra incêndios, foi publicado no Journal of Environmental Management.
M.S.
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