Air India revela que um dos motores do avião acidentado era novo
- Monica Stahelin
- 19 de jun.
- 2 min de leitura

A Air India confirmou que um dos motores do avião que se despenhou na semana passada, causando a morte de pelo menos 270 pessoas, era novo. A aeronave, um Boeing 787-8 Dreamliner com destino a Londres, caiu menos de um minuto após levantar voo do aeroporto de Ahmedabad, no oeste da Índia.
Em entrevista ao canal Times Now, o presidente da companhia aérea, N Chandrasekaran, esclareceu que o motor direito tinha sido substituído em março de 2025, enquanto o motor esquerdo tinha sido submetido à última manutenção em 2023 e estava previsto para nova verificação apenas em dezembro de 2025. Ambos os motores tinham, segundo Chandrasekaran, “historial limpo”.
Sistema digital monitoriza motores em tempo real
O modelo de motor Genx-1B, utilizado no Boeing 787, possui um sistema digital chamado FADEC (Full Authority Digital Engine Control), que monitoriza continuamente o desempenho e a saúde dos motores, dispensando intervalos fixos de manutenção. A decisão de inspecionar ou substituir o motor é baseada na análise destes dados e em inspeções físicas.
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Contudo, componentes específicos denominados Life Limited Parts (LLPs) continuam a ter um ciclo de vida definido, normalmente entre 15.000 e 20.000 ciclos – sendo cada arranque e paragem do motor contado como um ciclo.
Kishore Chinta, antigo investigador do Bureau de Investigação de Acidentes Aéreos da Índia, reforça que a idade de um motor não é, por si só, indicativa do seu estado. “O facto de o motor ser novo não garante que esteja em perfeitas condições, e o inverso também se aplica”, explicou.
Companhia revê operações e reforça medidas de segurança
Enquanto prossegue a investigação ao desastre, conduzida com base nos dados das caixas negras já recuperadas, a Air India anunciou uma redução de 15% nas suas operações internacionais com aviões de longo curso até meados de julho. Esta decisão prende-se com uma combinação de factores, entre os quais a intensificação das verificações de segurança, maior prudência por parte das equipas e o agravamento das tensões no Médio Oriente.
A companhia aérea adiantou ainda que 26 dos seus 33 aviões Boeing 787-8 e 787-9 já foram inspeccionados e considerados aptos para operar. As restantes aeronaves estão em processo de verificação, e a frota de Boeing 777 será também sujeita a controlos adicionais.
A Direcção Geral da Aviação Civil da Índia impôs medidas preventivas adicionais na sequência do acidente. A Air India descreve as restrições operacionais como “dolorosas, mas necessárias”, perante um cenário de acontecimentos extraordinários.
Impacto na reestruturação da companhia
O desastre aéreo surge num momento sensível para a Air India, que se encontra em plena fase de transformação, após ter sido adquirida em 2022 pelo conglomerado Tata Sons, também proprietário de marcas como Tetley Tea e Jaguar Land Rover. O acidente poderá representar um revés na estratégia de reposicionamento da companhia como transportadora aérea de referência no sector privado.
M.S.
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