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Aquecimento dos oceanos britânicos pode alterar os hábitos alimentares do país


Lula com batatas fritas
Aquecimento dos oceanos britânicos pode alterar os hábitos alimentares do país © Getty Images

As águas à volta do Reino Unido estão a aquecer rapidamente, provocando alterações notórias nas espécies marinhas e criando desafios e oportunidades para a frota pesqueira britânica, que poderão influenciar o que comemos no futuro.


De acordo com a análise dos dados do Met Office realizada pela BBC, os mares britânicos vivem atualmente uma vaga de calor marinha, com temperaturas médias recorde nos primeiros sete meses do ano. Em maio, a água registou um aumento até 4ºC, e o impacto da crise climática global indica que este aquecimento deverá continuar.


De acordo com o jornal The Independent, especialistas afirmam que as águas mais quentes têm atraído novas espécies para os mares britânicos, entre elas águas-vivas, caranguejos-aranha, sardinhas, anchovas, atum-rabilho e uma inesperada proliferação de polvos. Por outro lado, a população de caranguejos-castanhos tem diminuído e espécies tradicionalmente pescadas, como o bacalhau e o eglefino, estão cada vez mais escassas, deslocando-se para águas mais frias a norte.


Novas espécies, novas oportunidades para a indústria da pesca

Mike Roach, vice-diretor executivo da Federação Nacional das Organizações de Pescadores (NFFO), explica que “os nossos mares estão a mudar”. A presença crescente de atum-rabilho, que é uma espécie bem controlada e regulada, e o aumento dos polvos representam oportunidades para os pescadores compensarem as perdas económicas provocadas pela redução dos caranguejos. “Estes fenómenos estão claramente ligados às alterações climáticas e ao aquecimento das águas.”


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Perante estas mudanças, estará em risco o prato nacional britânico, o tradicional peixe com batatas fritas, à medida que o bacalhau desaparece das águas locais? O professor John Pinnegar, principal conselheiro para as alterações climáticas da Cefas (agência governamental de ciência marinha e de águas doces), esclarece que a maioria do bacalhau e do eglefino consumidos no Reino Unido é importada desde os anos 30 e que esta situação irá manter-se. O peixe capturado no Reino Unido, como cavala e lagostim, é maioritariamente exportado para países do sul da Europa.


No entanto, o declínio das espécies tradicionais locais tem levado os pescadores a focarem-se noutras capturas, sobretudo em cefalópodes, como lulas, polvos e chocos, que têm vindo a ganhar destaque, especialmente no Mar do Norte. Embora “lulas com batatas fritas” não tenha o mesmo apelo tradicional, os especialistas alertam que o público britânico está demasiado ligado a um número reduzido de espécies, como bacalhau, eglefino, salmão, atum e camarão.


Mike Roach sublinha que “se consumíssemos uma maior diversidade de espécies sazonais e locais, conseguiríamos compensar as alterações que estamos a observar nos ecossistemas marinhos.”


M.S.


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