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Ataque israelita à café à beira-mar em Gaza faz pelo menos 20 mortos

Escombros em beira de praia, com diversas pessoas trabalhando na limpeza do local
Ataque israelita à café à beira-mar em Gaza faz pelo menos 20 mortos © Getty Images

Local frequentado por jornalistas e ativistas foi reduzido a escombros; ofensiva intensifica-se com novos bombardeamentos e ordens de evacuação em massa.


Pelo menos 20 palestinianos morreram esta segunda-feira na sequência de um ataque aéreo israelita que atingiu um café à beira-mar em Gaza, de acordo com relatos de equipas de resgate e testemunhas no local. O ataque teve como alvo a Cafetaria Al-Baqa, um espaço ao ar livre composto por tendas junto à costa mediterrânica, popular entre ativistas, jornalistas e residentes locais.


Segundo o porta-voz da Defesa Civil de Gaza, gerida pelo Hamas, os corpos de 20 vítimas foram retirados dos escombros, juntamente com dezenas de feridos. As equipas de emergência continuam a vasculhar a enorme cratera deixada pela explosão, na esperança de encontrar sobreviventes.


“O cenário era horrível – corpos, sangue, gritos por todo o lado”, descreveu Aziz Al-Afifi, um cameraman local, que se preparava para aceder à internet no local quando o ataque ocorreu.


Vídeos publicados nas redes sociais por ativistas parecem mostrar o momento em que um míssil, alegadamente lançado por um avião israelita, atingiu a zona. Nas imagens, observa-se o caos subsequente: corpos espalhados no chão e uma coluna de fumo a erguer-se junto ao mar.


Bombardeamentos e deslocações forçadas aumentam tensão no enclave

O ataque ao café insere-se numa nova vaga de bombardeamentos israelitas sobre a Faixa de Gaza, que, segundo testemunhas, forçou centenas de famílias palestinianas a abandonarem as suas casas durante a noite. Os bairros densamente povoados de Shujaiya, Tuffah e Zeitoun, na zona leste da Cidade de Gaza, foram particularmente visados.


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Uma escola no bairro de Zeitoun, que acolhia famílias deslocadas, terá sido atingida por um dos ataques. No campo de Al Shati, situado a oeste da cidade, a detonação de um míssil resultou na morte de cinco pessoas, de acordo com informações de fontes locais. Os feridos foram encaminhados para o Hospital Al-Ahli.


“A explosão parecia um terramoto atrás do outro”, disse Salah, de 60 anos, residente em Gaza, à agência Reuters. “Fala-se num cessar-fogo iminente, mas o que vemos é destruição e morte”, lamentou.


Em resposta a ordens de evacuação emitidas pelas Forças de Defesa de Israel (IDF), muitos residentes deixaram as suas casas no norte da faixa, embora a maioria tenha permanecido em Gaza City em vez de se dirigir ao sul, conforme indicado. “Esta é a sétima vez que fugimos”, contou Abeer Talba, mãe de sete filhos. “Não temos água, nem comida. Os meus filhos estão a morrer de fome.”


Cessar-fogo incerto e pressão internacional sobre Netanyahu

O ataque ocorre numa altura de crescentes pressões internas e externas sobre o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, para aceitar um novo acordo de cessar-fogo com o Hamas. O presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou recentemente que Netanyahu está a negociar “neste momento” uma nova trégua, após o colapso do último acordo, em março.


O cessar-fogo iniciado a 19 de janeiro estava estruturado em três fases, mas acabou por não avançar além da primeira etapa. Na sequência do seu colapso, Israel implementou um bloqueio completo à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, o qual só foi parcialmente aliviado após onze semanas, na sequência de alertas de especialistas internacionais sobre o risco iminente de fome generalizada.


Com o apoio dos Estados Unidos e de Israel, foi criada a Fundação Humanitária de Gaza, com o objetivo de reorganizar a distribuição de mantimentos e bens essenciais. No entanto, desde então, têm sido reportados quase diariamente episódios de violência envolvendo mortos e feridos entre civis palestinianos que tentam aceder à ajuda. Testemunhas no terreno responsabilizam as forças israelitas pelos ataques, mas o exército de Israel alega que apenas efetua disparos de advertência contra pessoas consideradas ameaçadoras.


Face aos mais de 56 mil mortos registados pelo Ministério da Saúde de Gaza, sob controlo do Hamas, cresce a preocupação de que os ataques aéreos estejam a preparar o caminho para uma ofensiva terrestre alargada. Por outro lado, vários analistas e antigos líderes militares israelitas começam a pôr em causa a estratégia atual, receando que o conflito entre num impasse prolongado de combate de guerrilha, com consequências devastadoras para civis, reféns e soldados.


M.S.


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