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Bebés com ADN de três pessoas nascem com sucesso no Reino Unido

Mão de mãe segura mão de bebé
Bebés com ADN de três pessoas nascem com sucesso no Reino Unido © Onlyyouqj via Freepik

O Reino Unido regista um progresso significativo na medicina reprodutiva: oito bebés foram concebidos com ADN proveniente de três pessoas, através de um método inovador que procura evitar doenças mitocondriais graves e sem cura.


A prática, conhecida como terapia de doação mitocondrial, foi desenvolvida para impedir a transmissão hereditária de mutações genéticas que afectam as mitocôndrias, estruturas celulares responsáveis pela produção de energia.


Segundo um estudo publicado na revista New England Journal of Medicine, os bebés, quatro raparigas e quatro rapazes, incluindo um par de gémeos idênticos, nasceram ao longo dos últimos cinco anos e encontram-se saudáveis. Este marco representa não só uma conquista científica, mas também um teste ao enquadramento legal britânico, que permite a investigação de embriões humanos de forma regulada.


Procedimento inovador com resultados promissores

A técnica consiste em remover o material genético do embrião fertilizado da mãe portadora da mutação e inseri-lo num embrião doado por uma mulher saudável, previamente desprovido do seu próprio ADN nuclear. Assim, são eliminadas as mitocôndrias defeituosas da mãe, mantendo-se apenas as saudáveis da doadora.


Embora o procedimento resulte numa criança com ADN de três pessoas, a contribuição da doadora corresponde apenas a cerca de 0,02% do material genético total, sem influência nas características herdadas.


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Das 22 mulheres que se submeteram ao tratamento, apenas sete engravidaram, o que resultou em oito nascimentos, uma taxa de sucesso de 36%. Cinco dos bebés nasceram sem vestígios da doença. Nos restantes três, foi detetada uma pequena quantidade de mitocôndrias mutadas, considerada insuficiente para causar sintomas, mas que exigirá acompanhamento a longo prazo.


Esperança renovada para famílias afectadas

A terapia está disponível exclusivamente no Newcastle upon Tyne Hospitals NHS Foundation Trust, e é destinada a mulheres com elevado risco de transmitir formas graves da doença mitocondrial, que afecta cerca de um em cada 5.000 bebés no Reino Unido.


Para os especialistas, como Sir Doug Turnbull, professor emérito da Universidade de Newcastle, trata-se de uma vitória significativa: “É um grande sucesso para estas famílias. Sem esta técnica, não teriam a possibilidade de criar filhos livres da doença mitocondrial”.


Uma das mães envolvidas no estudo, que preferiu manter o anonimato, partilhou a sua emoção: “O peso emocional da doença mitocondrial foi substituído por esperança, alegria e uma profunda gratidão”.


Apesar do sucesso inicial, a técnica levanta questões éticas, uma vez que altera a linha germinativa, significando que as raparigas nascidas através deste processo poderão transmitir as mitocôndrias da doadora às gerações futuras.


Ainda assim, para estas sete famílias e para outras que possam beneficiar futuramente, a doação mitocondrial representa uma possibilidade real de quebrar o ciclo de uma doença devastadora.


M.S.


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1 Comment


Guest
Jul 17

Que avanço impressionante na medicina! Ver bebés nascendo com o ADN de três pessoas é uma mistura de revolução científica e esperança para tantas famílias que lutam contra doenças genéticas devastadoras.

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