Desabamento de mina em Moçambique mata 3 e deixa dezenas soterrados
- Monica Stahelin
- 17 de jan.
- 3 min de leitura

Três garimpeiros morreram e dezenas de outros ficaram soterrados após o desabamento de uma mina artesanal de ouro, ocorrido nesta quarta-feira, 15, no distrito de Gondola, na província de Manica, Moçambique. O incidente ocorreu na mina de Amatongas, uma área conhecida pela atividade mineira ilegal e precária. A tragédia reacendeu a discussão sobre a segurança no setor da mineração artesanal no país, marcado pela pobreza e a falta de emprego.
Desabamento de mina surpreende garimpeiros no início da manhã
O desabamento aconteceu nas primeiras horas da manhã, por volta das 5h, enquanto os trabalhadores estavam nos túneis realizando suas atividades. De acordo com o chefe do Posto Administrativo de Amatongas, Mário Paunde, pelo menos 12 túneis de mineração foram cobertos por terra, soterrando os garimpeiros que, como é comum em minas artesanais, trabalham em condições subumanas. Três corpos já foram resgatados, e outros três garimpeiros sobreviveram, permanecendo estáveis e em tratamento hospitalar.
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Um dos sobreviventes, Samuel Timba, relatou que o desabamento pegou os trabalhadores de surpresa, sem tempo para escapar. "Havia 12 minas em atividade e que tinham pessoas a trabalhar. A mina desabou enquanto as pessoas estavam no interior", contou Timba, que também destacou o esforço dos garimpeiros em colaborar com as autoridades no processo de resgate.
Pobreza e falta de alternativas forçam jovens a arriscar a vida
A mineração artesanal em Moçambique, apesar de ser uma atividade altamente lucrativa para alguns, é também muito perigosa, especialmente nas estações chuvosas, quando o risco de desabamento aumenta. O sociólogo Abílio Mandlate ressaltou que a pobreza e o desemprego são fatores que impulsionam os jovens a arriscar suas vidas nas minas, muitas vezes utilizando métodos obsoletos e perigosos. "A falta de emprego e de oportunidades leva as pessoas a arriscar suas vidas para garantir o sustento", afirmou Mandlate.
Este desabamento, o primeiro registrado em 2025, é apenas o mais recente de uma série de incidentes fatais. Em 2024, pelo menos 25 pessoas morreram em desabamentos de minas na província de Manica, embora muitos casos não tenham sido registrados oficialmente.
Governo e autoridades alertam sobre a necessidade de regulamentação
Mário Paunde afirmou que as autoridades têm incentivado os garimpeiros a se organizarem em associações para que possam receber apoio técnico e, assim, melhorar a segurança no trabalho. "Sempre aconselhamos os jovens a formarem associações, para que possam contar com assistência técnica e evitar essas situações trágicas", destacou.
A província de Manica é uma das mais ricas em recursos minerais de Moçambique, especialmente ouro e pedras preciosas, o que atrai milhares de garimpeiros à região, embora a maior parte da atividade seja realizada de forma ilegal. Em anos recentes, as autoridades recuperaram quantidades significativas de ouro não declarado, combatendo o contrabando no setor.
Apesar dos esforços do Governo e das autoridades, a mineração artesanal continua sendo uma fonte de risco e de pobreza para milhares de pessoas em Moçambique, que seguem apostando na atividade em busca de uma vida melhor, muitas vezes sem considerar as consequências perigosas de suas escolhas.
B.N.
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