Governo moçambicano tenta salvar empregos após saída da USAID
- Monica Stahelin
- 7 de jul.
- 2 min de leitura

Mais de 2.500 moçambicanos ficaram sem emprego após o encerramento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) em Moçambique. O Governo assegura estar a trabalhar para criar novas oportunidades de integração no mercado de trabalho, apesar de ainda não dispor de soluções imediatas.
Encerramento da USAID deixa milhares sem emprego
O encerramento definitivo da USAID em Moçambique, ocorrido na passada terça-feira, 1 de julho, resultou na desvinculação de mais de 2.500 trabalhadores nacionais. A medida insere-se numa decisão global que afetou as operações da agência em 133 países, na sequência de um desmantelamento promovido pela atual administração dos Estados Unidos.
Em conferência de imprensa realizada na sexta-feira, 4 de julho, em Maputo, o porta-voz do Governo moçambicano, Inocêncio Impissa, reconheceu a gravidade da situação, mas sublinhou a intenção do Executivo de criar alternativas. “O que o Governo poderá fazer é criar novas oportunidades ou aceitar novas iniciativas e postos de trabalho, mas soluções imediatas ainda não temos”, afirmou.
Impissa destacou que os profissionais afetados têm experiência acumulada que pode facilitar a sua reintegração no mercado de trabalho, considerando-os capacitados para aproveitar novas oportunidades.
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Impacto global do desmantelamento da agência
A saída da USAID comprometeu o funcionamento de diversas organizações não-governamentais em Moçambique, particularmente na área da saúde, onde os fundos norte-americanos desempenhavam um papel crucial. A maioria dos projectos apoiados pela agência está a ser encerrada, resultando em despedimentos em larga escala.
Segundo o embaixador dos EUA em Moçambique, Peter Vrooman, a decisão afeta diretamente 114 iniciativas de financiamento. A USAID, criada em 1961 pelo então Presidente John F. Kennedy, foi durante décadas um dos principais pilares da ajuda humanitária internacional, sendo responsável por cerca de 40% do financiamento global nesta área.
O encerramento foi criticado por figuras como Barack Obama e George W. Bush, que condenaram a decisão da atual administração liderada por Donald Trump. A decisão, amplamente influenciada por alegações infundadas de má gestão e corrupção, contou com o apoio do empresário Elon Musk.
Estudo alerta para consequências devastadoras
Um estudo publicado pela revista médica The Lancet, coordenado pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), estima que os cortes no financiamento da USAID possam resultar em mais de 14 milhões de mortes evitáveis até 2030, incluindo 4,5 milhões de crianças com menos de cinco anos. Os investigadores analisaram dados de 133 países, destacando os efeitos positivos dos programas financiados pela agência, que estiveram associados a uma redução de até 32% na mortalidade infantil.
Davide Rasella, um dos co-autores do estudo, alertou que o impacto destes cortes poderá ser comparável ao de uma pandemia global ou a um grande conflito armado, sobretudo nos países de baixo e médio rendimento.
Enquanto isso, o Governo moçambicano promete continuar a monitorizar a situação, assegurando que os direitos laborais dos trabalhadores desligados sejam respeitados de acordo com os contratos previamente estabelecidos.
M.S.
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