Israel autoriza entrada de alimentos em Gaza após nova ofensiva militar
- Monica Stahelin
- há 2 dias
- 3 min de leitura

Israel informou que autorizará a entrada de uma quantidade mínima de ajuda humanitária em Gaza, após quase três meses de bloqueio completo. A decisão surge poucas horas depois do início de uma nova e vasta ofensiva terrestre no norte e sul do território palestiniano, no âmbito da operação militar “Carros de Gideão”.
Apoio limitado face à ameaça de fome
Segundo o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, a decisão foi tomada sob recomendação do Exército, com o objetivo de evitar uma crise de fome generalizada. “Para permitir a expansão dos combates e garantir que não se desenvolve uma crise humanitária, será autorizada a entrada de alimentos básicos”, referiu o comunicado.
No entanto, a ajuda será restrita e, de acordo com Netanyahu, não ficará sob o controle do Hamas. A decisão surge num contexto de pressão internacional crescente e de alertas de organizações humanitárias sobre o risco iminente de fome em Gaza, onde as condições humanitárias se deterioram rapidamente.
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Início de nova ofensiva e centenas de mortos
A nova fase da ofensiva militar israelita teve início no domingo, com ataques aéreos durante a noite que, segundo autoridades de saúde palestinianas, causaram a morte a mais de 130 pessoas, incluindo mulheres e crianças. Um dos bombardeamentos atingiu um campo de tendas de famílias deslocadas em Khan Younis, provocando dezenas de feridos e incendiando abrigos.
De acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, entre 11 e 17 de maio, pelo menos 464 palestinianos foram mortos por ataques israelitas. A ofensiva agora inclui operações terrestres expandidas em diversas áreas do enclave, com relatos de tanques próximos a Khan Younis e Jabalia.
Negociações estagnadas e tensão crescente
O anúncio da ofensiva surge após nova ronda de negociações indiretas entre Israel e o Hamas, no Qatar, que não produziu avanços. Netanyahu confirmou que as negociações abordaram uma possível trégua, a libertação de reféns e o término do conflito em troca do exílio dos militantes do Hamas e da desmilitarização de Gaza, condições que o grupo rejeita.
Apesar da intensificação da operação militar, o chefe do Estado-Maior israelita, Eyal Zamir, afirmou que as forças armadas estão preparadas para ajustar a operação caso isso favoreça um acordo para libertar reféns.
Situação crítica e alegados planos de divisão de Gaza
A situação humanitária no enclave permanece crítica. O sistema de saúde colapsou devido aos bombardeamentos e à escassez de medicamentos, combustível e equipamento. Três em cada quatro ambulâncias estão inoperacionais, alertou o Serviço de Emergência Civil Palestiniano, prevendo a paragem total em 72 horas caso não chegue combustível.
Enquanto isso, relatos indicam que Israel poderá estar a planear a divisão de Gaza em três zonas civis altamente controladas, separadas por faixas militares, numa estratégia designada como “Fase Três: tomada total de Gaza”. Estradas e infraestruturas estariam já a ser construídas sobre os escombros das habitações destruídas.
A imprensa internacional refere que os Estados Unidos estarão a negociar com a Líbia a eventual deslocação de um milhão de palestinianos para aquele país do Norte de África, em troca do levantamento de fundos congelados.
Críticas internas e protestos internacionais
Dentro de Israel, Netanyahu tem sido alvo de críticas por parte dos familiares dos reféns. Einav Zangauker, mãe de um dos sequestrados, acusou o governo de recusar acordos abrangentes por motivos políticos. “Basta de nos atormentar. Tragam os nossos filhos de volta!”, exigiu.
No exterior, os protestos contra a ofensiva israelita continuam. No domingo, dezenas de milhares de pessoas protestaram em Haia, nos Países Baixos, a pedir uma resposta mais dura do governo face aos ataques em Gaza. No sábado, Londres acolheu uma marcha de apoio à Palestina, por ocasião do 76.º aniversário da Nakba.
M.S.
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