João Lourenço alerta: infra-estruturas precisam de financiamento justo
- Monica Stahelin
- 1 de jul.
- 2 min de leitura

O Presidente da União Africana (UA), João Lourenço, destacou esta segunda-feira, na IV Conferência Internacional sobre Desenvolvimento, em Sevilha (Espanha), a necessidade urgente de um modelo de financiamento para grandes investimentos em infra-estruturas que seja adaptado às condições económicas dos países africanos. O estadista angolano apelou a uma profunda reestruturação da arquitectura financeira global, que contemple as prioridades do continente, muitas vezes ignoradas, e que permita fornecer os recursos essenciais para a transformação económica de África.
João Lourenço sublinhou que o desenvolvimento do continente depende diretamente da existência de infra-estruturas sólidas e funcionais, incluindo redes de energia, estradas, telecomunicações e tecnologias de informação. Estas deficiências, alertou, têm limitado gravemente o comércio, a indústria, a agricultura, a circulação de pessoas e bens, assim como a criação de emprego.
Face aos desafios do desenvolvimento, entre os quais a crise climática, a volatilidade dos preços das commodities e o peso insustentável da dívida soberana – que consome mais recursos do que os destinados conjuntamente à saúde e à educação –, o Presidente da UA apelou a um acesso mais facilitado a financiamentos sustentáveis que reduzam os custos do endividamento e fortaleçam a voz africana na governação financeira global.
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África enfrenta desafios para desenvolvimento sustentável
Na mesma intervenção, João Lourenço anunciou que, respondendo ao défice infraestrutural no continente, a União Africana organizará, em Outubro deste ano, em Angola, a conferência “Infra-estruturas como Factor de Desenvolvimento em África”. Este evento visa apresentar aos parceiros internacionais o mapeamento das necessidades de investimento público e público-privado, mobilizando recursos para concretizar esta grande ambição.
O Presidente da UA destacou ainda a importância da paz e da segurança para o desenvolvimento sustentável, alertando para os perigos da corrida armamentista e para a necessidade de diálogo e conciliação global. Segundo Lourenço, sem estabilidade mundial, será difícil avançar nas agendas 2030 das Nações Unidas e 2063 da União Africana.
Outro ponto crucial referiu-se ao impacto negativo da dívida africana na execução dos programas de desenvolvimento, que limita a capacidade de investimento em sectores-chave e afecta gravemente a situação social dos países. O estadista angolano elogiou a recente Declaração de Lomé sobre a Dívida Africana, adotada em Maio de 2025, como um marco para a construção de soluções comuns, propondo mecanismos multilaterais de reestruturação e incentivos para uso da moeda local, reduzindo riscos cambiais.
Por fim, João Lourenço reafirmou o compromisso de Angola com a mobilização de recursos internos, o reforço da governação fiscal e o combate à fuga de capitais, apontando a Convenção das Nações Unidas sobre Tributação Internacional como uma oportunidade histórica para corrigir desequilíbrios fiscais globais e garantir maior representação dos países em desenvolvimento.
M.S.
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