Macron recebe Lula em Paris: aliança estratégica em jogo
- Monica Stahelin
- 5 de jun.
- 2 min de leitura

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva encontra-se esta quinta-feira (5 de junho) em Paris para a sua primeira visita de Estado à França no terceiro mandato.
A recepção oficial, conduzida pelo presidente francês Emmanuel Macron, ocorre numa altura em que ambos os líderes procuram consolidar uma relação diplomática estratégica, marcada por afinidades políticas e interesses comuns no cenário internacional.
Aliança política em tempos de crise interna
Apesar do clima amistoso e da imagem pública de proximidade entre Lula e Macron — que já gerou a imprensa internacional um “bromance” diplomático —, a aliança tem motivações pragmáticas. Ambos enfrentam desafios significativos nas suas políticas internas: Lula governa com uma base parlamentar fragmentada e com oposição ativa, enquanto Macron luta contra um Parlamento dividido e contra a queda da sua popularidade, após derrotas eleitorais recentes e crises políticas.
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Especialistas sublinham que a política externa emerge como o único campo onde os dois líderes têm conseguido demonstrar vitórias, usando a diplomacia para fortalecer a sua posição e ampliar o protagonismo global. Segundo Kevin Parthenay, professor da Universidade de Tours, “um precisa do outro”, uma vez que tanto França quanto Brasil procuram apoio mútuo em agendas internacionais enquanto enfrentam resistências internas.
Cooperação bilateral e ambições globais
A visita oficial contempla a formalização de aproximadamente 20 acordos bilaterais, abrangendo setores como ciência, tecnologia, educação, segurança pública e vacinas. Adicionalmente, prevê-se o fortalecimento do compromisso conjunto em relação à proteção ambiental, através de uma declaração que preparará o terreno para a COP30, a conferência climática que terá lugar no Brasil em novembro.
Para Macron, o Brasil representa uma porta de entrada estratégica para o Sul Global, posicionando a França como líder na União Europeia e um ator chave nas negociações internacionais. Lula pretende garantir o apoio da França à ratificação do acordo entre a União Europeia e o Mercosul, assim como fortalecer a campanha pela reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, na qual o Brasil reivindica um lugar permanente.
Embora existam diferenças, principalmente na forma como encaram o conflito entre Rússia e Ucrânia — com Macron a assumir uma postura mais rígida e Lula a manter uma posição mais equilibrada —, os dois coincidem em questões como a luta contra a extrema-direita, a promoção dos direitos humanos e o apoio ao multilateralismo.
Depois das atividades em Paris, Lula deslocar-se-á para Nice, onde marcará presença na Terceira Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos (UNOC3), dando continuidade à sua agenda internacional voltada para fortalecer o protagonismo do Brasil no cenário mundial.
M.S.
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