ONU denuncia Israel por usar alimentos como armas em Gaza
- Monica Stahelin
- 24 de jun.
- 3 min de leitura

Organização denuncia ataques a centros de distribuição de ajuda e crítica atuação da Fundação Humanitária de Gaza.
As Nações Unidas condenaram nesta terça-feira, 24, as ações de Israel na Faixa de Gaza, acusando o país de "transformar alimentos em armas" e classificado o comportamento como um "crime de guerra". A acusação ocorre em meio a uma escalada de tensões, especialmente após múltiplos episódios em que as forças israelenses dispararam perto de centros de distribuição de alimentos administrados pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF). Segundo a ONU, esses ataques causaram a morte de centenas de civis.
Críticas à atuação israelense
Em comunicado oficial, o porta-voz do escritório de direitos humanos da ONU, Thameen Al-Kheetan, afirmou que a transformação de alimentos em "instrumentos de guerra" ao impedir ou dificultar o acesso da população a serviços essenciais configura uma violação grave do direito internacional humanitário. "Esse mecanismo de assistência humanitária militarizada está em total contradição com os padrões internacionais de distribuição de ajuda", destacou Al-Kheetan.
O porta-voz também criticou o bloqueio de pontos de distribuição de alimentos, afirmando que centenas de palestinos perderam a vida ao tentar alcançar os centros de distribuição, sendo alvo de disparos das forças israelenses. Até o momento, mais de 410 palestinos foram mortos em tais incidentes, com pelo menos 93 outros sendo vítimas enquanto tentavam se aproximar de comboios de ajuda da ONU e de outras organizações humanitárias.
Publicidade
A situação humanitária em Gaza
O cenário humanitário em Gaza foi descrito como "catastrófico" pela ONU. Com uma população de 2,3 milhões de pessoas, a região enfrenta níveis extremos de insegurança alimentar e está em "risco crítico" de fome. Relatórios recentes indicam que a situação continua a se agravar, com milhares de pessoas feridas e um crescente número de vítimas fatais. A ONU reiterou que a assistência humanitária nunca deve ser utilizada como "moeda de troca" em qualquer conflito.
Em paralelo, Al-Kheetan chamou a atenção para a necessidade de investigar de forma rápida e imparcial cada uma dessas mortes e responsabilizar os responsáveis. "A cada um desses assassinatos deve ser dada a devida atenção", afirmou o porta-voz da ONU.
Fundação Humanitária de Gaza sob críticas
Além das acusações contra Israel, a ONU também criticou duramente a atuação da Fundação Humanitária de Gaza (GHF). A organização afirmou que o trabalho da GHF coloca civis em risco e contribui para o agravamento da crise humanitária. Em particular, a ONU refutou a colaboração da GHF com Israel, apontando a ineficácia de suas operações.
Philippe Lazzarini, diretor da Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), também condenou a GHF, chamando-a de "uma vergonha que desumaniza e rebaixa pessoas em situação de desespero". Lazzarini pediu a Israel que suspendesse o bloqueio parcial à entrada de ajuda humanitária e desse prioridade às agências humanitárias com experiência no terreno, como a UNRWA. "A comunidade humanitária, incluindo a UNRWA, tem a experiência necessária e deve ser permitida a fornecer assistência com respeito e dignidade", afirmou.
Conflito político e desafios da ajuda humanitária
Em um contexto mais amplo, o conflito entre Israel e a UNRWA tem se intensificado. Em outubro de 2024, o Knesset, Parlamento de Israel, aprovou uma lei proibindo a atuação da UNRWA em territórios palestinos, acusando a agência de facilitar atividades "terroristas". A UNRWA, que oferece serviços de saúde, educação e ajuda a milhões de palestinos em Gaza, Cisjordânia, Jordânia, Líbano e Síria, continua a ser uma das maiores organizações de assistência humanitária da região.
Com o aumento da violência em Gaza, as críticas à administração da ajuda humanitária e ao bloqueio de assistências se tornam cada vez mais fortes, colocando a comunidade internacional em uma situação de impasse sobre a forma mais eficaz de aliviar a crise humanitária na região.
M.S.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal da Globe News
Comments