Os Contornos da Emigração Angolana: Motivos e Desafios
- Monica Stahelin
- 11 de mar.
- 3 min de leitura

Nos últimos anos, a emigração angolana tem vindo a aumentar de forma considerável, com mais de 3,5 milhões de cidadãos a deixarem o país entre 2017 e 2024. Este fenómeno é impulsionado, em grande parte, pela procura de melhores condições de vida em destinos como Portugal, Brasil, França, Estados Unidos, Reino Unido e África do Sul, sendo a maioria dos emigrantes composta por jovens à procura de um futuro mais promissor. As principais razões que levam à emigração angolana são de natureza económica e social, com o desemprego, os baixos salários e a escassez de oportunidades a desempenharem papéis fundamentais neste movimento.
Motivos da Emigração
A procura por melhores condições de vida, seja em termos de salários, segurança, educação ou saúde, está no centro da emigração angolana. A crise económica prolongada, que se traduz em elevados índices de desemprego e uma inflação que erode o poder de compra, tem dificultado a permanência de muitos cidadãos no país. Para o sociólogo Garcia Quitari, a emigração em massa é, sobretudo, uma resposta às dificuldades económicas, obrigando muitos angolanos a procurar melhores oportunidades no estrangeiro.
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O antropólogo João Nicolau acrescenta que a busca por realização pessoal e profissional tem sido uma motivação crescente, especialmente entre os jovens. Embora a qualidade do ensino em Angola tenha melhorado, ainda existem limitações que forçam muitos a emigrar em busca de uma formação mais especializada e de oportunidades de crescimento que o sistema local não oferece.
Emigração e Qualidade de Formação
A perda de quadros qualificados é uma preocupação crescente em Angola, especialmente num momento em que o país precisa desses profissionais para o seu desenvolvimento. O engenheiro de computação Pedro Januário alerta para os impactos negativos da fuga de cérebros, uma vez que muitos jovens angolanos optam por emigrar para países como Portugal, Brasil e Estados Unidos, onde as oportunidades de formação e carreira são mais atrativas. A falta de infraestruturas adequadas e de cursos especializados em diversas áreas é uma das principais razões que levam os jovens a procurar qualificações no exterior.
A Resistência e os Desafios
Apesar da emigração massiva, alguns jovens angolanos acreditam que a solução pode estar em procurar melhorar as condições dentro do próprio país. Através de maior capacitação e desenvolvimento, muitos esperam contribuir para o crescimento económico de Angola. João Nicolau destaca que alguns jovens partem para se formar no estrangeiro, mas com o objetivo de voltar, trazendo consigo novos conhecimentos e experiências que podem ser benéficos para o progresso do país.
O governo angolano tem procurado enfrentar este problema através de iniciativas que visam apoiar os jovens, melhorar o sistema educacional e criar empregos. Norberto Garcia, diretor do Gabinete de Estudos Estratégicos e Análises da Casa Militar da Presidência da República, reconhece a emigração como um problema sério, mas acredita que é possível encontrar soluções, principalmente por meio de investimentos na formação e na criação de mais oportunidades para os jovens no mercado de trabalho.
Solução: Melhorar o Sistema de Ensino e Promover a Inovação
Para Pedro Januário, uma das chaves para reduzir a emigração de cidadãos qualificados é a melhoria do sistema de ensino em Angola. A atualização dos currículos e a adaptação do sistema educativo às exigências do mercado global são essenciais. A promoção de uma educação técnica e inovadora, com ênfase nas novas tecnologias e na economia digital, pode ser uma estratégia eficaz para reter os jovens mais capacitados, evitando que procurem no exterior as oportunidades que o país ainda não oferece.
Angola enfrenta desafios significativos com a emigração, especialmente a fuga de talentos devido à crise económica e à falta de oportunidades. Investir na educação, na inovação e na criação de condições para que os jovens possam prosperar no seu país é fundamental para o desenvolvimento sustentável de Angola e para a redução da emigração em massa.
M.S.
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