Professor moçambicano percorre 2.000 km por prótese indiana
- Monica Stahelin
- há 3 dias
- 2 min de leitura

Inácio Júlio, docente originário de Nampula, viajou mais de dois mil quilómetros até ao Hospital Central de Maputo (HCM) para obter gratuitamente uma prótese de perna, disponibilizada no âmbito de uma iniciativa solidária entre a Índia e Moçambique. A iniciativa, que disponibilizou mais de 1.200 próteses desde julho, visa assinalar os 50 anos de amizade e cooperação entre os dois países.
Uma nova esperança de vida
Lecionando na província da Zambézia desde 2017, Inácio sofreu um acidente de viação em 2021 que comprometeu a sua mobilidade. De acordo com a agência Lusa, ao tomar conhecimento da campanha através das redes sociais, decidiu viajar até Maputo para beneficiar da prótese indiana. “Se as próteses ajudarem, a vida não vai continuar a mesma. Vai melhorar. Não hei-de precisar de entrar na sala de aula com muletas, estarei a caminhar e isso pode mudar muita coisa”, afirmou.
Apesar de a realidade no hospital não corresponder às expectativas iniciais, as próteses são produzidas localmente com componentes estrangeiros, ao contrário das que imaginava, Inácio reconhece o valor da iniciativa, que permite aos beneficiários obterem os dispositivos no próprio dia.
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Campanha solidária e desafios locais
A campanha “Jaipur Foot Camp”, inspirada num modelo indiano de prótese de baixo custo e fácil adaptação, permitiu a colocação de cerca de 1.230 próteses em pouco mais de um mês, superando a capacidade habitual do HCM, que produz menos de 30 aparelhos por mês.
Rosa António, de 34 anos, do distrito de Boane, também beneficiou da iniciativa. Após perder uma perna num acidente de viação, esperava um “milagre” para retomar as suas atividades diárias. “Quando disseram que íamos receber próteses fiquei feliz, porque já não conseguia trabalhar nem andar sem ajuda”, desabafou.
Celeste Elias, técnica de ortoprotesia, explicou que o processo inclui avaliação, encaminhamento para fisioterapia quando necessário e produção rápida das próteses, apesar das dificuldades na comunicação com a equipa indiana, que fala maioritariamente inglês. “É emocionante perceber que o que fazemos em 30 dias pode ser feito em uma semana. É uma área que vale a pena abraçar”, concluiu.
M.S.
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