Rangel aposta no Vaticano para mediar conflito em Moçambique
- Monica Stahelin
- 24 de jan.
- 2 min de leitura

Durante uma visita ao Vaticano, o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho Rangel, expressou confiança na capacidade da Igreja Católica para ajudar a mediar o conflito em Moçambique. A visita, que incluiu encontros com o Papa Francisco e o arcebispo Paul Gallagher, secretário para as Relações Internacionais do Vaticano, centrou-se na atual situação política e social de Moçambique.
Rangel destacou a experiência histórica da Igreja Católica, que, em 1992, mediou o acordo de paz entre o Governo moçambicano e a Renamo, pondo fim a uma guerra civil de 16 anos. O ministro português reiterou que a Igreja tem uma “capacidade de interlocução única” e que a contribuição para o diálogo político, a reconciliação nacional e a estabilidade em Moçambique é sempre bem-vinda.
A visita a Itália incluiu, ainda, um encontro com a comunidade de Santo Egídio, organização católica que desempenhou um papel chave na assinatura do acordo de paz em 1992. Para Rangel, este legado de mediação torna a Igreja Católica um parceiro essencial no processo de estabilização da situação política e social do país.
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Moçambique e a crise política após as eleições de outubro de 2024
Moçambique tem vivido uma crescente agitação social e política desde as eleições gerais de 9 de outubro de 2024, que resultaram na vitória contestada de Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frelimo. Protestos, manifestações e paralisações, lideradas pelo opositor Venâncio Mondlane, degeneraram em violência, causando a morte de pelo menos 315 pessoas, incluindo crianças, e mais de 750 feridos, segundo a plataforma Decide.
Rangel sublinhou que, apesar da complexidade da situação, a ajuda externa, incluindo a mediação do Vaticano, é essencial. No entanto, o ministro deixou claro que a solução para o conflito dependerá dos próprios moçambicanos e dos seus líderes políticos. Para ele, qualquer contribuição externa deve ser vista como um apoio ao diálogo e à construção da paz, com um papel ativo de países como Portugal, a União Europeia e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Próximas ações e a relação com o Vaticano
Rangel destacou que, além da colaboração com o Vaticano, o Governo português mantém comunicação direta com as autoridades eclesiásticas e outras organizações internacionais envolvidas na busca pela paz. Segundo Rangel, em breve, o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, realizará uma visita ao Vaticano, sublinhando o empenho de Portugal nas questões globais, particularmente na busca pela estabilidade em Moçambique.
A crise em Moçambique continua a ser uma preocupação central para a diplomacia portuguesa, que busca garantir a paz e a prosperidade para o país africano.
M.S.
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