Seca e El Niño: Moçambique Atinge Níveis Recordes de Crise Alimentar
- Monica Stahelin
- 19 de fev.
- 2 min de leitura

A seca prolongada e os efeitos devastadores do fenómeno climático El Niño estão a agravar a insegurança alimentar em Moçambique, com números que atingiram "níveis sem precedentes", colocando em risco a vida de quase cinco milhões de pessoas. A avaliação, feita pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), revelou que até ao final da atual campanha agrícola, em março de 2025, cerca de 4.890.232 pessoas serão diretamente afetadas pela crise alimentar no país.
Cerca de 912 mil moçambicanos enfrentam emergência alimentar
O relatório detalha que, entre os afetados, cerca de 912.000 pessoas se encontram em situação de emergência alimentar, enquanto 3.978.314 enfrentam níveis de crise. Estes números refletem a crescente gravidade da situação, que é considerada a mais alarmante desde o início da monitorização, em 2017.
A crise tem vindo a agravar-se especialmente nas regiões de Manica e Sofala, localizadas no centro do país, onde a seca tem prejudicado gravemente a produção agrícola e a segurança alimentar das populações locais.
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Déficit de financiamento agrava situação humanitária
Em 2024, a ONU lançou um apelo para obter 222 milhões de dólares (cerca de 213 milhões de euros) para enfrentar os efeitos da seca em Moçambique, mas até o momento apenas 28,7 milhões de dólares (aproximadamente 27,5 milhões de euros) foram arrecadados, representando apenas 13% das necessidades identificadas.
Este défice de financiamento tem severamente limitado a capacidade de resposta humanitária, afetando a distribuição de alimentos, água potável e outros recursos essenciais para as comunidades mais necessitadas. A OCHA alertou que este cenário de escassez de recursos pode piorar nos próximos meses, caso o apoio internacional não seja significativamente aumentado.
Impactos globais do El Niño e mudanças climáticas
Moçambique é um dos países mais vulneráveis às alterações climáticas globais, que têm gerado cada vez mais episódios extremos de clima. O país já está familiarizado com a ocorrência de cheias e ciclones tropicais durante a estação chuvosa, que ocorre entre os meses de outubro e abril. No entanto, o atual ciclo de seca prolongada, exacerbado pelo fenómeno El Niño, que altera a dinâmica atmosférica e provoca o aumento da temperatura oceânica, tem contribuído para uma escassez de alimentos sem precedentes.
Além da seca, o El Niño também tem provocado chuvas torrenciais e devastadoras em outros países da África Oriental, como o Quénia, Burundi, Tanzânia, Somália e Etiópia, onde centenas de pessoas perderam a vida devido aos efeitos extremos do fenómeno. Esta alteração climática global tem um impacto direto na segurança alimentar, uma vez que prejudica a capacidade de produção de alimentos e afeta a vida de milhões de pessoas em várias regiões.
M.S.
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