STF ordena inquirição a advogados de Bolsonaro por contacto a menor
- Monica Stahelin
- 26 de jun.
- 2 min de leitura

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, determinou que a Polícia Federal interrogue Fabio Wajngarten, os advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro e Marcelo Câmara dentro de cinco dias.
A decisão surge na sequência das acusações feitas pelo tenente-coronel Mauro Cid, que afirmou que a sua filha menor de idade foi procurada por representantes legais ligados ao ex-presidente e a Câmara.
Acusações de contactos “ardilosos” e investigação de obstrução
De acordo com a defesa de Mauro Cid, o advogado Luiz Eduardo Kuntz, associado a Marcelo Câmara, fez várias tentativas persistentes de contactar a filha de 14 anos do tenente-coronel por meio de mensagens no WhatsApp.
Durante uma dessas conversas, Kuntz terá perguntado se a adolescente tinha falado com a esposa de Cid e procurado obter informações sobre os advogados contratados para o caso relacionado a uma alegada trama golpista. A defesa aponta ainda que Kuntz aconselhou a jovem a apagar conversas do telemóvel, numa tentativa de eliminar eventuais provas.
Além disso, o advogado teria tentado agendar um encontro com Mauro Cid em dezembro de 2023, mesmo sabendo que Cid estava proibido de se comunicar com outros investigados conforme o acordo de delação premiada homologado pelo STF.
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Fabio Wajngarten, que na época dos acontecimentos atuava como advogado do ex-presidente Bolsonaro, é igualmente acusado de várias tentativas persistentes de contacto com a filha e a esposa de Mauro Cid, Gabriela Ribeiro Cid. Além disso, Kuntz e Paulo Cunha Bueno, outro advogado que integra a defesa de Bolsonaro, são apontados por terem abordado de forma intensa a mãe de Cid, Agnes Barbosa Cid, durante um evento em São Paulo, numa manobra que teria como objetivo enfraquecer a defesa do delator.
Resposta dos envolvidos e controvérsia sobre uso de redes sociais
Em resposta, Fabio Wajngarten criticou a decisão do ministro Alexandre de Moraes, denunciando uma “criminalização da advocacia”. Num comunicado divulgado nas redes sociais, Wajngarten afirmou que a medida seria uma tentativa de ocultar a alegada falta de voluntariedade de Mauro Cid na colaboração premiada, prometendo manifestar-se novamente após ter acesso aos autos do inquérito.
Por sua vez, o advogado Luiz Eduardo Kuntz acusou Mauro Cid de ter violado o acordo de delação ao usar uma conta no Instagram para contactar o seu próprio advogado, o que estava proibido pelo acordo. A defesa de Cid contrapõe que as mensagens enviadas por Kuntz são provas claras de que ele procurou a família do tenente-coronel, desmentindo a versão de que não houve tentativas de contacto.
O caso está sob investigação para apurar se houve obstrução de justiça ou outras irregularidades relacionadas às comunicações com a menor e ao processo de delação premiada.
M.S.
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