Trump impõe tarifa de 50% ao Brasil e gera tensão com governo Lula
- Monica Stahelin
- 10 de jul.
- 3 min de leitura

Presidente norte-americano alega perseguição a Bolsonaro e desequilíbrio comercial; Lula reage com firmeza e promete reciprocidade.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as importações provenientes do Brasil, com entrada em vigor a partir de 1 de agosto. A medida, classificada como a mais severa da nova leva de sanções comerciais norte-americanas, foi comunicada publicamente numa carta enviada ao presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e divulgada através da plataforma Truth Social.
Na missiva, Trump justifica a nova tarifa invocando alegados desequilíbrios na relação comercial entre os dois países e, sobretudo, o que descreve como uma "perseguição injusta" ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O líder republicano criticou duramente o Supremo Tribunal Federal do Brasil (STF), ao qual atribui práticas de censura contra redes sociais norte-americanas e violações à liberdade de expressão. Segundo Trump, "a forma como o Brasil tem tratado Bolsonaro é uma desgraça internacional" e "uma caça às bruxas que deve terminar imediatamente".
O presidente norte-americano acusou ainda o Brasil de impor barreiras comerciais e políticas tarifárias que, no seu entender, prejudicam a competitividade dos Estados Unidos. A tarifa de 50%, segundo ele, "ainda é inferior ao necessário para garantir condições justas de concorrência".
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Reacção firme de Lula: “Brasil não aceitará tutela”
A resposta do governo brasileiro não se fez esperar. Após uma reunião de emergência no Palácio do Planalto, o presidente Lula usou as redes sociais para repudiar veementemente a decisão de Trump. Sublinhando a soberania do Brasil e a independência das suas instituições, o chefe de Estado declarou que o julgamento de Bolsonaro no STF decorre dentro da legalidade, com pleno direito à defesa, e sem qualquer tipo de ingerência externa.
“O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”, escreveu Lula. O presidente também contestou as alegações de desequilíbrio comercial, afirmando que os próprios dados dos Estados Unidos apontam para um superavit norte-americano acumulado de 410 mil milhões de dólares nas trocas com o Brasil ao longo dos últimos 15 anos.
Lula adiantou ainda que qualquer tentativa unilateral de elevação de tarifas será respondida de forma proporcional, com base na Lei brasileira de Reciprocidade Económica.
Escalada diplomática e críticas internas
A decisão de Trump provocou impacto imediato nos mercados, levando à alta do dólar futuro. Ao mesmo tempo, gerou forte reacção diplomática por parte do Itamaraty, que convocou o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil para prestar esclarecimentos. A carta enviada por Trump foi formalmente devolvida, sendo classificada como ofensiva e repleta de inverdades sobre a realidade brasileira.
O vice-presidente Geraldo Alckmin considerou a medida injusta e baseada em informações erradas. “O Brasil não é um problema para os Estados Unidos. Esta medida prejudica inclusive a economia americana”, afirmou.
No Congresso Nacional, o episódio aprofundou a polarização. Parlamentares da base do governo denunciaram a atitude de Trump como uma agressão à soberania nacional, enquanto membros da oposição e aliados de Bolsonaro celebraram a sanção como uma suposta reacção ao que chamam de perseguição política no país.
A tensão aumentou ainda mais com acusações dirigidas ao deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, apontado por governistas como responsável por incentivar sanções contra o próprio país. O deputado Lindbergh Farias defendeu a abertura de um processo de cassação, acusando-o de “traição nacional”.
Por enquanto, o Supremo Tribunal Federal mantém silêncio institucional, embora bastidores indiquem que a retórica de Trump não deverá ter qualquer efeito sobre os julgamentos em curso. O ministro Flávio Dino foi o único a pronunciar-se, reforçando o papel do STF na defesa da democracia e da soberania do Brasil.
M.S.
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