Ucrânia e Rússia acordam cessar-fogo, mas tensão continua
- Monica Stahelin
- 26 de mar.
- 3 min de leitura

A tensão entre a Ucrânia e a Rússia continua a alimentar incertezas no cenário geopolítico global, mesmo após a recente decisão de um cessar-fogo parcial envolvendo o Mar Negro e os ataques à infraestrutura energética. A medida foi acordada após reuniões entre delegações da Rússia e da Ucrânia, mediadas por oficiais dos Estados Unidos, em Riade, Arábia Saudita.
No entanto, a Rússia anunciou que drones ucranianos foram abatidos sobre o Mar Negro, poucas horas depois de a trégua parcial ser acordada. O Ministério da Defesa russo informou que, durante a noite, nove drones foram destruídos sobre o território russo, incluindo cinco na região de Belgorod, dois na região de Kursk e dois sobre o Mar Negro. A Ucrânia ainda não se pronunciou sobre as alegações russas. Não foi especificado se os drones ucranianos tinham como alvo as instalações no Mar Negro ou se estavam apenas a sobrevoar as águas da região.
Um passo tímido rumo à paz
O cessar-fogo, embora um gesto positivo, foi descrito por especialistas como um passo inicial que dificilmente trará mudanças significativas no terreno da guerra. O Ministro da Defesa da Ucrânia, Rustem Umerov, confirmou que o país aceitou medidas para garantir a navegação segura no Mar Negro, eliminar o uso da força e evitar o uso de embarcações comerciais para fins militares. No entanto, a Rússia condicionou o cumprimento da trégua à remoção das sanções ocidentais sobre as suas empresas de fertilizantes e alimentos, além da garantia de acesso ao sistema de pagamentos SWIFT.
Publicidade
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, mostrou-se cético quanto à eficácia da trégua, acusando Moscovo de manipular os termos do acordo desde o início.
"Infelizmente, até hoje, vemos como os russos já começaram a distorcer os acordos e, de fato, enganar tanto os nossos intermediários quanto o mundo inteiro", disse Zelenskyy.
Por outro lado, os Estados Unidos comprometeram-se a ajudar a "restaurar o acesso da Rússia ao mercado mundial de exportação de produtos agrícolas e fertilizantes", de acordo com uma declaração da Casa Branca. O ex-presidente Donald Trump também indicou que a sua administração estaria a considerar levantar as sanções em resposta ao pedido de Moscovo.
Desafios e incertezas
Apesar da promessa de cessar-fogo até 17 de abril no que diz respeito aos ataques à infraestrutura energética, a Rússia confirmou que respeitará a moratória apenas enquanto a outra parte cumprir as condições estabelecidas. O acordo inclui refinarias de petróleo, oleodutos, usinas de energia e subestações, plantas nucleares e hidrelétricas. No entanto, as partes envolvidas mantêm a incerteza quanto ao cumprimento efetivo do pacto, com os especialistas a apontarem que, enquanto o ocidente continuar a oferecer vantagens a Moscovo, o conflito pode prolongar-se indefinidamente.
O analista de segurança da Sky News, Michael Clarke, afirmou que, embora o acordo sobre o Mar Negro seja algo de que os Estados Unidos possam se orgulhar, ele não deverá provocar alterações significativas no terreno da guerra.
"A menos que os americanos estejam dispostos a pressionar a Rússia, em vez de continuar a oferecer mais vantagens, a guerra continuará", comentou Clarke.
O futuro incerto
Enquanto o cessar-fogo parcial representa uma tentativa de aliviar a tensão, as condições e as incertezas em torno do acordo deixam o cenário de paz incerto. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, reiterou anteriormente a sua disposição para um cessar-fogo de 30 dias, que incluiria toda a linha de frente, mas o presidente russo, Vladimir Putin, rejeitou a proposta, estipulando várias condições prévias, incluindo a interrupção do apoio militar e de inteligência à Ucrânia.
A contínua incerteza sobre os termos do cessar-fogo no Mar Negro e as tensões entre as potências globais mostram que, mesmo com gestos diplomáticos, o caminho para a paz pode ser longo e cheio de obstáculos.
M.S.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal da Globe News
Comentários