Presidente de associação solidária detido por desvio de meio milhão de euros
- Monica Stahelin
- há 1 dia
- 2 min de leitura

Líder da instituição “O Amanhã da Criança”, na Maia, é suspeito de apropriação indevida de fundos entre 2016 e 2024. Justiça suspende-o de funções.
O presidente da Associação de Solidariedade Social “O Amanhã da Criança”, sediada na Maia, foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) do Porto por suspeitas de ter desviado aproximadamente 500 mil euros da instituição.
José Manuel dos Santos Correia, de 74 anos, terá utilizado os fundos para pagar dívidas pessoais e outras despesas não relacionadas com a atividade da associação.
A investigação, conduzida pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) da Maia, revela que o arguido concentrava em si todos os processos de aquisição de bens e serviços da organização, que presta apoio à infância e à terceira idade através de creche, jardim de infância, centro de dia, residência sénior e serviço de apoio domiciliário.
Esquema incluía sobrefaturação e circulação financeira entre contas
Segundo a PJ, o esquema passava por práticas de sobrefaturação com fornecedores e pela compra de bens para uso pessoal, recorrendo à transferência de verbas entre contas bancárias da associação e de empresas sob controlo direto ou indireto do dirigente.
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“O modus operandi consistia na apropriação indevida de fundos, mediante sobrefaturação de fornecimento de serviços com fornecedores da associação, bem como na aquisição de bens para usufruto pessoal com recursos financeiros da instituição”, adiantou a Polícia Judiciária.
A par deste comportamento, Correia também manipulava orçamentos, aproveitando o controlo que exercia sobre empresas fornecedoras da associação, uma entidade que detém o estatuto de utilidade pública. Há suspeitas de que algumas dessas empresas poderão ter colaborado no esquema, inflacionando valores faturados.
Medidas de coação e diligências em curso
Durante a investigação foram realizadas nove buscas domiciliárias e sete não domiciliárias, envolvendo peritos das áreas financeira e informática. Vários elementos de prova foram recolhidos em suporte físico e digital, estando agora a ser analisados pelas autoridades.
José Manuel Correia foi ouvido esta terça-feira no Tribunal da Maia e saiu em liberdade, mas com medidas de coação aplicadas. Está proibido de exercer funções na associação, impedido de contactar com diretores e funcionários, obrigado a entregar o passaporte e sujeito a apresentações periódicas às autoridades.
Embora seja o único arguido formalmente constituído até ao momento, o inquérito continuará a apurar responsabilidades de terceiros, nomeadamente entre os fornecedores suspeitos de envolvimento nos desvios.
M.S.
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