Angola apela a compromisso global com a vacinação infantil

Monica Stahelin
26 de jun.
3 min de leitura

O Presidente da República de Angola e líder em exercício da União Africana, João Lourenço, lançou esta quarta-feira, em Bruxelas, um apelo veemente à mobilização de nove mil milhões de dólares, com vista ao reforço do financiamento da Aliança Global das Vacinas (GAVI) entre 2026 e 2030.

Durante a Cimeira da GAVI, realizada no Centro de Artes Bozar, o Chefe de Estado sublinhou que o montante permitirá imunizar 500 milhões de crianças e salvar entre 8 e 9 milhões de vidas. Classificando a meta como “ambiciosa e absolutamente inadiável”, Lourenço destacou que o financiamento representa “um pacto com as próximas gerações” e não apenas um simples investimento financeiro.

Para o Presidente angolano, cada dólar investido na vacinação transforma-se em esperança e numa ferramenta para reduzir custos com doenças evitáveis, fortalecer os sistemas de saúde e impulsionar o crescimento económico. Sublinhou ainda que vacinar uma criança “é proteger o futuro através de uma segurança sanitária global”.

África quer deixar de ser apenas recetora de vacinas

João Lourenço sublinhou a importância de um envolvimento mais significativo de África na nova fase da imunização a nível mundial. Criticando a vulnerabilidade revelada durante a pandemia da Covid-19 face à dependência de cadeias externas, reafirmou o seu respaldo à iniciativa ADMA (African Vaccine Manufacturing Accelerator), promovida pela GAVI, como meio de impulsionar a capacidade de produção de vacinas no continente.

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“Queremos vacinas acessíveis, feitas por africanos, para africanos e para o mundo”, afirmou o líder da União Africana, apelando à transferência de tecnologia, parcerias bilaterais estratégicas e à capacitação científica da juventude africana. Com mais de 60% da sua população com menos de 25 anos, Lourenço considerou o continente como “uma das maiores reservas de esperança e renovação para a Humanidade”.

A par da aposta na inovação e equidade, destacou a importância da introdução de novas vacinas contra doenças como a tuberculose, a malária e a dengue, que continuam a afectar desproporcionalmente os países africanos.

GAVI como símbolo de solidariedade global

João Lourenço elogiou o papel da GAVI nos últimos 25 anos, salientando a sua actuação como “um parceiro estratégico de confiança” para mais de 25 países africanos de baixo rendimento. Entre 2021 e 2025, a aliança canalizou mais de cinco mil milhões de dólares para o continente, com 700 milhões de dólares investidos só em 2023.

O Presidente angolano reconheceu ainda o esforço da GAVI para adaptar os seus modelos de apoio financeiro e tornar os países de rendimento médio elegíveis a formas inovadoras e sustentáveis de financiamento. Considerou este um passo essencial para garantir que nenhuma criança fique para trás, mesmo em contextos de transição económica.

Bill Gates reforça impacto positivo das vacinas

Também na cimeira, Bill Gates, presidente da Fundação Gates, salientou os progressos alcançados na diminuição da mortalidade infantil, sublinhando que, nas últimas décadas, o número de óbitos entre crianças com menos de cinco anos foi reduzido pela metade.

Gates elogiou os esforços da GAVI na promoção da equidade no acesso às vacinas e no incentivo ao desenvolvimento de vacinas mais acessíveis, como foi o caso da vacina pneumocócica (PCV), adaptada para países de baixo rendimento em 2017.

A GAVI, segundo o filantropo, não se limita a financiar vacinas, mas trabalha activamente com os países para promover a sua adopção e garantir padrões elevados de segurança e eficácia.

Compromisso africano e apelo à comunidade internacional

No encerramento do seu discurso, João Lourenço reafirmou o compromisso da África — e particularmente de Angola — com a vacinação como pilar estratégico de saúde, apostando na juventude, educação e participação plena na vida económica e social.

O Presidente apelou, por fim, à mobilização e ao compromisso global, recordando que o investimento na vacinação “é proteger o futuro da Humanidade”.