Apagão na Península Ibérica começou em central solar em Badajoz
- Monica Stahelin
- 20 de jun.
- 2 min de leitura

Relatórios técnicos apontam falhas operacionais e instabilidade na central Núñez de Balboa como fatores desencadeantes do apagão de 28 de abril.
Foi revelado que o grande apagão que afectou a Península Ibérica a 28 de abril teve início na central fotovoltaica Núñez de Balboa, da Iberdrola, situada em Badajoz, Espanha. A revelação surge em documentos técnicos reservados, examinados pelas autoridades espanholas e pela operadora Red Eléctrica de España (REE), que classificam o apagão como um dos incidentes mais severos ocorridos recentemente na Península Ibérica.
Após 49 dias de investigação, os especialistas concluíram que o incidente foi causado por uma conjugação de fatores, sem que fosse identificada uma causa única. Entre os elementos destacados nos relatórios constam falhas na regulação da tensão, erros de operação e um comportamento anómalo da unidade solar da Iberdrola, que na altura estava a produzir cerca de 250 megawatts.
Publicidade
Comportamento atípico e acusações mútuas
O relatório técnico detalha que a central apresentou flutuações abruptas na produção de energia, características geralmente observadas em centrais térmicas, e não em instalações fotovoltaicas. Em poucos segundos, a geração oscilou até 70% em relação ao nível anterior à instabilidade, comportamento que não foi replicado por outras centrais com tecnologia idêntica ligadas à mesma rede.
A REE descreveu o acontecimento como uma "reação em cadeia", iniciada às 12h03, com uma nova oscilação registada às 12h16, altura em que a produção da central aumentou repentinamente para 350 MW. Embora os parâmetros da rede estivessem dentro da normalidade, técnicos apontaram para possíveis falhas internas ou de controlo na instalação solar.
Questionada pela imprensa espanhola, a Iberdrola afastou qualquer responsabilidade no incidente, acusando a REE de gestão "imprudente e negligente". A elétrica assegura ter cumprido todos os protocolos e acusa a operadora da rede de não ter conseguido reagir eficazmente às perturbações. O executivo espanhol também atribuiu à REE falhas na administração da reserva técnica, considerada fundamental para garantir a estabilidade do sistema elétrico.
Energia renovável com novas obrigações na rede espanhola
Na sequência das conclusões divulgadas, a Comissão Nacional dos Mercados e da Concorrência (CNMC) de Espanha anunciou alterações no enquadramento regulatório. A partir de agora, as centrais renováveis, como as solares e eólicas, passam a ter obrigações equivalentes às tecnologias convencionais no que diz respeito ao controlo de tensão da rede elétrica.
A decisão foi tomada a 12 de junho, antes ainda da publicação oficial dos relatórios, mas ganha agora especial relevância, dado o impacto que a falha em Badajoz teve sobre todo o sistema elétrico ibérico.
M.S.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal da Globe News
Comments