Apoiantes de Trump em rutura após recuo sobre caso Epstein
- Monica Stahelin
- 16 de jul.
- 3 min de leitura

Base MAGA acusa presidente de ocultar informações que ele próprio prometeu revelar.
A popularidade de Donald Trump enfrenta um momento de tensão entre os seus próprios apoiantes, em especial os do movimento MAGA (Make America Great Again), após o Departamento de Justiça dos Estados Unidos ter anunciado que não existe qualquer lista de figuras públicas ligadas ao escândalo sexual protagonizado por Jeffrey Epstein.
Trump, que durante anos incentivou teorias conspiratórias relacionadas com o caso, alimentou a expectativa de que tais documentos viriam a público durante a campanha presidencial de 2024. No entanto, a recente declaração oficial do governo, confirmando que Epstein se suicidou e negando a existência de uma "lista de clientes", gerou uma onda de frustração entre os seus seguidores mais fiéis.
Do incentivo à frustração
O presidente norte-americano estabeleceu, durante a campanha, uma ligação direta entre a sua candidatura e a promessa de transparência sobre o caso Epstein, insinuando que documentos comprometedores seriam revelados caso regressasse à Casa Branca. As suas declarações, em programas como o podcast de Lex Fridman, sugeriam a existência de nomes poderosos envolvidos com o empresário, que foi acusado de liderar uma rede de exploração sexual de menores.
A teoria ganhou força entre os apoiantes do movimento MAGA, que viam em Trump uma figura capaz de expor elites supostamente protegidas. Contudo, a resposta oficial das autoridades norte-americanas, dando por encerrada a investigação e negando qualquer lista, provocou uma quebra de confiança sem precedentes.
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Crise interna no movimento MAGA
Influenciadores e figuras proeminentes do campo conservador expressaram rapidamente a sua indignação. Laura Loomer, activista conhecida nas redes sociais, afirmou tratar-se de uma operação de encobrimento para proteger poderosos, exigindo responsabilizações dentro do próprio governo.
Steve Bannon, ex-estratega de Trump, foi ainda mais incisivo, acusando o presidente de trair a sua base e de falhar na promessa de romper com a cultura de segredo que sempre criticou. Também o influenciador Brandon Tatum insinuou a existência de uma conspiração para manter o caso oculto, criticando diretamente figuras próximas do próprio Trump.
Nas plataformas sociais, a desilusão tomou conta dos apoiantes do movimento. Comentários exigindo respostas multiplicaram-se nas publicações do presidente, muitos deles acusando-o de estar agora do lado de quem sempre prometeu combater.
Relações antigas e promessas não cumpridas
Trump e Epstein partilharam círculos sociais nas décadas de 1990 e 2000, tendo sido vistos juntos em várias ocasiões. Após a prisão do empresário, Trump procurou distanciar-se, embora continuasse a comentar o caso em público, sugerindo que a morte de Epstein poderia ter sido um homicídio destinado a proteger figuras poderosas.
Em declarações anteriores, a procuradora-geral Pam Bondi chegou a afirmar que existia uma lista de clientes em sua posse para revisão, aumentando a expectativa entre os apoiantes. A ausência de provas e o encerramento do caso acabaram, no entanto, por transformar a promessa num ponto de discórdia interna.
O peso de uma narrativa
A crise de confiança atual representa um desafio significativo para a campanha de Trump em 2024. Parte da sua base foi mobilizada por promessas de ruptura com as elites e revelações chocantes, muitas delas sem fundamento. Ao negar agora a existência da tão aguardada "lista de Epstein", o próprio governo de Trump torna-se alvo de suspeitas que ele próprio ajudou a propagar.
A narrativa de "combate ao sistema", tão central no discurso do movimento MAGA, pode agora virar-se contra quem a construiu, colocando em risco a unidade de uma base eleitoral fundamental.
M.S.
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