Belém prepara-se para a COP30 entre expectativas globais e desafios locais
- Monica Stahelin
- há 5 dias
- 3 min de leitura

A três meses do início da 30.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP30), os preparativos intensificam-se em Belém, capital do estado do Pará, que será palco do encontro. O evento, que reunirá líderes mundiais, especialistas, activistas e representantes da sociedade civil, decorrerá entre os dias 10 e 21 de novembro, com a cimeira de chefes de Estado agendada para os dias 6 e 7.
Apesar da relevância do encontro, que colocará a Amazónia no centro do debate climático global, a cidade anfitriã enfrenta uma série de desafios logísticos e estruturais, com especial destaque para a questão das acomodações. O aumento significativo nos preços de hospedagem tem gerado críticas, inclusive por parte de países participantes, que apelam ao governo brasileiro por soluções mais acessíveis.
Pressões sobre alojamento e estrutura
A polémica em torno do custo das estadias em Belém ganhou proporções diplomáticas, levando alguns países a sugerirem a mudança de cidade-sede. Contudo, o governo brasileiro descartou esta possibilidade, reafirmando o compromisso com a realização da COP30 em Belém. O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, garantiu que o Executivo está empenhado em garantir a participação de todas as delegações.
“Belém é o lugar certo para acolher a COP30. O presidente Lula quer uma conferência inclusiva e representativa do perfil do Brasil”, afirmou o embaixador.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, classificou os preços praticados como um “absurdo” e “achaque”, enquanto o ministro do Turismo, Celso Sabino, assegurou que o diálogo com o sector hoteleiro está a surtir efeito. Actualmente, Belém dispõe de mais de 53 mil leitos, e o governo já disponibilizou uma plataforma com 5,2 mil quartos destinados prioritariamente aos Países Menos Desenvolvidos e aos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento.
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Uma reunião com representantes do escritório do clima das Nações Unidas está agendada para o dia 11 de agosto, com o objectivo de discutir temas essenciais como alojamento, transporte, segurança e alimentação.
Dias Temáticos e participação inclusiva
A presidência da COP30 divulgou também o calendário oficial dos Dias Temáticos, organizados com base nos seis eixos da Agenda de Acção do evento: Energia, Indústria e Transporte; Florestas, Oceanos e Biodiversidade; Agricultura e Sistemas Alimentares; Cidades, Infraestrutura e Água; Desenvolvimento Humano e Social; e Questões Transversais.
A programação, que ocorrerá nas Zonas Azul e Verde, pretende fomentar a participação de diferentes sectores da sociedade, desde académicos e cientistas até representantes de comunidades locais, filantropos, activistas e autoridades públicas.
“Queremos que todos se sintam parte desta agenda e possam contribuir com soluções concretas para a crise climática”, declarou Ana Toni, directora executiva da COP30.
Saúde pública reforçada para o evento
O Ministério da Saúde anunciou que os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) estarão plenamente operacionais durante a conferência, com atendimento nos níveis primário, secundário e terciário. Estão em curso obras em oito Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Belém, com recursos federais, além da habilitação de 554 agentes comunitários de saúde.
Durante o período do evento, entre 3 e 25 de novembro, serão montados postos médicos temporários para atendimento imediato. A operação será coordenada por uma força-tarefa envolvendo os três níveis de governo e será monitorizada pelo Centro Integrado de Operações Conjuntas em Saúde (CIOCS), modelo já testado em grandes eventos como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
Com a aproximação da COP30, cresce não apenas a expectativa sobre os compromissos ambientais que poderão ser firmados, mas também a pressão sobre o Brasil para garantir que a conferência ocorra com eficiência, inclusão e respeito às necessidades logísticas dos participantes.
M.S.
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Espero que essa COP30 realmente ajude a dar mais atenção à Amazônia, mas acho que esses preços altos nos hotéis ainda podem dar o que falar.