Contratações em queda livre após subida das contribuições sociais
- Monica Stahelin
- há 1 dia
- 3 min de leitura

Rachel Reeves enfrenta dificuldades económicas num cenário de custos empresariais em alta.
O aumento das contribuições para a Segurança Social (NIC) implementado pelo governo liderado pela ministra das Finanças, Rachel Reeves, está a provocar um impacto negativo no mercado laboral do Reino Unido. Segundo o Instituto de Gestão de Pessoal (CIPD), os planos de contratação das empresas atingiram um “nível recorde de baixa”, refletindo um ambiente de negócios afetado pelos custos crescentes.
Planos de contratação em mínimos históricos
O relatório mensal conjunto da consultora KPMG e da Federação de Recrutamento e Emprego (REC) indica que apenas 57% das empresas do setor privado planeiam recrutar novos funcionários nos próximos três meses, uma descida face aos 65% registados no outono passado. O recuo nas contratações permanentes, descrito como “acentuado”, deve-se à fraca confiança económica e aos custos mais elevados com a folha salarial. A economista-chefe do Instituto de Diretores, Anna Leach, alertou que esta tendência poderá agravar o fraco crescimento económico do país, afetando tanto o padrão de vida como as receitas fiscais.
A investigação do CIPD, que envolveu 2000 empresas britânicas, revelou que 84% consideram que os custos laborais aumentaram desde a entrada em vigor das alterações nas contribuições para a Segurança Social, em abril de 2025. Em sectores como o da assistência social e da hotelaria, metade dos empregadores indicou um aumento significativo destes custos.
Empresas cortam postos de trabalho para lidar com os custos
Ben Caswell, economista sénior do Instituto Nacional de Investigação Económica e Social (NIESR), considera que muitas empresas estão a responder ao aumento das contribuições para a Segurança Social com cortes no pessoal em vez de repassar os custos aos consumidores. No entanto, advertiu que o aumento do salário mínimo, implementado também em abril, está a impulsionar os preços ao consumidor.
Esta notícia surge pouco depois do Banco de Inglaterra ter alertado para um período prolongado de aumentos significativos nos preços, impulsionados pelos custos mais altos dos alimentos. A instituição financeira atribuiu a parte destes aumentos ao agravamento fiscal imposto por Reeves, incluindo a subida do salário mínimo, mesmo enquanto reduzia a taxa de juro para 4% para estimular uma economia que permanece lenta.
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Adicionalmente, a ministra das Finanças enfrenta alertas sobre um défice de 50 mil milhões de libras nas finanças públicas, o que poderá obrigá-la a aumentar impostos, cortar despesas públicas ou flexibilizar as regras fiscais vigentes para colmatar o buraco orçamental.
No último domingo, Rachel Reeves pediu paciência ao público, lembrando que a mudança pretendida no último escrutínio eleitoral “nunca iria acontecer da noite para o dia”.
A confiança empresarial continua a deteriorar-se, com o economista do CIPD James Cockett a alertar que as medidas previstas no novo projecto de lei dos direitos laborais poderão aumentar ainda mais os custos de contratação, colocando em risco a criação de emprego.
Por outro lado, o ex-jogador de futebol Gary Neville criticou publicamente a ministra pelas medidas fiscais, referindo que o aumento das contribuições para a Segurança Social está a dificultar a criação de emprego, especialmente em sectores que empregam grande número de trabalhadores.
Em resposta, um porta-voz do Tesouro britânico destacou a criação de 380 mil empregos desde o início do mandato do governo actual, o aumento real dos salários e a assinatura de importantes acordos comerciais com a União Europeia, Estados Unidos e Índia. Frisou ainda que a confiança empresarial se encontra no nível mais elevado dos últimos dez anos, segundo uma recente sondagem do Lloyds Bank.
M.S.
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