Comércio entre Brasil e EUA cresce apesar de tensão tarifária
- Monica Stahelin
- 14 de abr.
- 2 min de leitura

Mesmo em meio às recentes tensões comerciais provocadas pelo novo pacote tarifário dos Estados Unidos, o comércio bilateral entre Brasil e EUA registou um resultado histórico no primeiro trimestre de 2025.
Segundo dados divulgados esta segunda-feira (14) pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), a corrente de comércio entre os dois países alcançou os 20 mil milhões de dólares entre janeiro e março — o maior valor já registado para o período.
O crescimento foi de 6,6% em relação ao mesmo trimestre de 2024, reforçando o dinamismo e a solidez da relação comercial, mesmo diante de um ambiente internacional mais protecionista. No entanto, o Brasil fechou o período com um défice comercial de 654 milhões de dólares, com exportações no valor de 9,65 mil milhões e importações a atingirem 10,3 mil milhões.
Publicidade
Destaque para produtos industriais e agrícolas
As exportações brasileiras com destino aos Estados Unidos foram impulsionadas pela indústria de transformação, que somou 7,8 mil milhões de dólares — o maior valor da série histórica. Entre os produtos com melhor desempenho estiveram os sucos (+74,4%), óleos combustíveis (+42,1%) e o café não torrado (+34%). A carne bovina destacou-se com uma subida de 111,8%, entrando no top 10 dos bens mais exportados.
Do lado das importações, os EUA forneceram sobretudo bens manufaturados (89,2% da pauta), com destaque para máquinas, medicamentos, equipamentos informáticos e petróleo bruto — este último com uma subida de 78,3%, revertendo a tendência de queda registada anteriormente.
"Tarifaço" e impacto nas relações
Apesar do crescimento nas trocas, o ambiente é de incerteza após o chamado “tarifaço” imposto pelo presidente norte-americano Donald Trump. Em março, os EUA aumentaram tarifas sobre produtos como aço e alumínio, afetando diretamente exportadores brasileiros. Posteriormente, Trump anunciou uma pausa de 90 dias nas tarifas recíprocas, reduzindo temporariamente as taxas para 10% — exceto no caso da China, que continua sujeita a taxas de até 145%, gerando tensões com Pequim.
A Amcham Brasil reforçou a importância de manter um ambiente comercial previsível, baseado no diálogo entre governos e setor privado.
“É fundamental preservar as condições para que o comércio entre Brasil e Estados Unidos continue a gerar inovação, emprego e desenvolvimento para ambos os países”, afirmou o presidente da entidade, Abrão Neto.
O governo brasileiro também acompanha de perto os desdobramentos das medidas norte-americanas e seus efeitos sobre a balança comercial. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, ainda é cedo para avaliar o impacto direto das novas tarifas, mas a monitorização é contínua.
M.S.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal da Globe News
Comments