Sobrevivente de ataque em Southport pede fim das facas de cozinha afiadas
- Monica Stahelin
- há 11 horas
- 3 min de leitura
Leanne Lucas quer promover o uso de facas com ponta arredondada nas cozinhas domésticas, numa campanha que diz ser “pelas meninas” vítimas do ataque de Julho de 2024.
Leanne Lucas, sobrevivente do violento ataque com faca ocorrido em Southport em Julho de 2024, lançou esta terça-feira uma campanha nacional que visa restringir o uso de facas de cozinha com ponta afiada em lares britânicos. Intitulada Let’s Be Blunt (“Sejamos Directos”, em tradução livre), a iniciativa apela à substituição de facas tradicionais por versões com ponta arredondada, mais seguras, numa tentativa de evitar que utensílios domésticos sejam transformados em armas letais.
Segundo a Sky News, num dos seus primeiros depoimentos televisivos desde o ataque, Lucas, de 36 anos, contou que foi precisamente “a ponta da faca” que causou os ferimentos quase fatais que sofreu. “Nunca pensei que estaria a falar sobre este tema, mas depois do que aconteceu em Julho, não posso ficar calada”, afirmou à jornalista Katerina Vittozzi.
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Naquele dia, Lucas liderava um workshop de dança inspirado em Taylor Swift, com um grupo de crianças, quando o agressor, Axel Rudakubana, então com 17 anos, atacou o grupo com uma faca de cozinha de 20 centímetros, comprada online. O ataque causou a morte devastadora de três crianças — Bebe King (6), Elsie Dot Stancombe (7) e Alice da Silva Aguiar (9) — e feriu mais dez pessoas, entre elas Leanne Lucas.
“Estávamos a divertir-nos imenso. Era um momento de pura alegria antes de tudo acontecer. E ver tudo isso destruído... não é aceitável”, lamentou.
“Não quero que mais nenhuma família passe por isto”
A campanha Let’s Be Blunt pretende sensibilizar a população para os perigos da presença de facas com ponta aguçada em ambientes domésticos, sugerindo a adopção de utensílios com pontas curvas ou arredondadas, que representam menor risco de uso como arma. “Sinto-me mesmo apaixonada por esta causa. Não deixarei que o mal vença”, afirmou Lucas.
Desde o ataque, a sobrevivente garante que deixou de usar facas com ponta tradicional na sua cozinha, e que se sente mais segura ao utilizar modelos com ponta romba. “As pessoas podem magoar-se de várias formas, claro. Mas o objectivo é reduzir a oportunidade de causar ferimentos mortais, que podem tirar vidas.”
Segundo dados recentes do Instituto Nacional de Estatística britânico (Office for National Statistics), as facas de cozinha continuam a ser o tipo de arma mais utilizado em homicídios com arma branca. “Costuma-se falar muito das ‘zombie knives’, dos machetes… mas os números mostram que são as facas de cozinha, que todos temos em casa, as mais mortíferas”, alertou Lucas.
Apesar de ter sobrevivido ao ataque, Leanne Lucas afirma que não deseja ser definida pelo trauma. “Foi um privilégio sobreviver, mas não quero que isto defina as nossas memórias. O meu trabalho era para as meninas, pela comunidade, por momentos felizes que deviam durar uma vida inteira.”
Com a campanha, Lucas espera inspirar outros sobreviventes de Southport. “Se eu puder mostrar que há esperança, e que a mudança real nasceu do que nos aconteceu… então é isso que farei”, concluiu.
M.S.
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