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Construção de creche em jardim gera protestos em Leiria

Três pessoas, dois homens e uma mulher, estão em uma área pavimentada com um pedaço de terra e árvores ao fundo, conversando em frente a um prédio de apartamentos branco.
Construção de creche em jardim gera protestos em Leiria © Nuno Brites

Moradores indignados com abate de árvores e falta de transparência no processo.


A construção de uma creche no único espaço verde da Urbanização da Boucharia, nos Marrazes, em Leiria, está a gerar forte contestação por parte dos moradores, que acusam a Câmara Municipal de ter autorizado a obra sem aviso prévio nem alvará visível no local.


A nova infraestrutura, destinada a acolher 84 crianças e com previsão de 27 lugares de estacionamento, ameaça destruir praticamente todo o jardim existente, que há décadas é mantido e valorizado pela comunidade.


O terreno, que acolhe cerca de 45 árvores e serve de habitat a diversas espécies, incluindo pica-paus, ouriços-cacheiros, pegas, melros e até uma raposa, vai perder a maioria da sua vegetação com o avanço da obra. Os moradores, determinados a preservar o espaço, estão a preparar um abaixo-assinado para entregar à autarquia, exigindo a suspensão imediata dos trabalhos iniciados há cerca de duas semanas.


Impacto na vida quotidiana e questionamento da legalidade

Além da destruição do espaço verde, os residentes alertam para os impactos negativos no seu dia-a-dia. As irmãs Teresa e Paula Cordeiro receiam não conseguir continuar a exercitar a mãe idosa no local, Vera Lopes ficará privada dos passeios com a filha bebé e com a sua cadela, e Pedro Pessoa lamenta ter de jogar à bola com o neto na garagem. Também as 53 crianças da creche e jardim de infância Bambi, que frequentemente utilizam o espaço para actividades lúdicas, deixarão de ter acesso à área verde.


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Helena Lourenço, moradora há 35 anos, afirma que o terreno foi doado à Câmara pelo filho do construtor com o propósito de se manter como espaço verde. Carlos Dias reforça a crítica, denunciando a ausência de sinalização da obra e da licença necessária. Apesar das preocupações, a vereadora do Desenvolvimento Social, Ana Valentim, esclarece que o terreno estava destinado à construção de uma escola e que a opção pela creche se prende com a elevada procura de vagas na União de Freguesias de Marrazes e Barosa.


Alternativas ignoradas e árvores em risco

Embora a vereadora assegure que o projeto prevê a preservação de algumas árvores, a planta de implantação consultada pelo Jornal de Notícias indica que a maioria será abatida. Moradores questionam por que razão não se opta por outro local, como o campo de futebol abandonado nas imediações das escolas dos Marrazes, que dispõe de espaço para estacionamento. A autarquia alega que o local não está disponível devido a um acordo de utilização celebrado entre o Sport Club Leiria e Marrazes e a União de Freguesias, mas evita comentar se está disposta a considerar alternativas.


A polémica está longe de terminar e os residentes mantêm a esperança de travar a construção, apelando à preservação de um espaço que consideram essencial para a qualidade de vida da comunidade.


M.S.


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