Discurso de graduada chinesa em Harvard divide opiniões entre EUA e China
- Monica Stahelin
- 2 de jun.
- 2 min de leitura

A intervenção de uma aluna chinesa durante a cerimónia de graduação em Harvard, na qual apelou à união num cenário global marcado por divisões, gerou respostas divergentes nos Estados Unidos e na China. O discurso ocorreu dias após o governo norte-americano ter revelado planos para cancelar, de forma assertiva, os vistos de estudantes oriundos da China.
Jiang Yurong, a primeira cidadã chinesa do sexo feminino a tomar a palavra numa cerimónia de graduação em Harvard, transmitiu uma mensagem centrada na solidariedade e na empatia, declarando que “não nos elevamos provando que o outro está errado, mas recusando deixar que nos afastemos uns dos outros”. A sua intervenção tornou-se viral na internet chinesa, emocionando muitos, mas também gerando críticas relacionadas com a sua origem e alegadas ligações políticas.
Contexto político e controvérsia em torno do discurso
O discurso foi proferido no mesmo dia em que um juiz federal dos EUA bloqueou a proibição, imposta pela administração Trump, à inscrição de estudantes estrangeiros em Harvard. As autoridades norte-americanas acusam a universidade de “coordenar-se com o Partido Comunista Chinês” (PCC), num esforço para restringir o acesso de estudantes internacionais.
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Nas redes sociais norte-americanas, a oradora foi criticada devido a supostas ligações familiares a organizações financiadas e monitorizadas pelo PCC, o que gerou suspeitas de influência política. Uma conta conservadora no X (antigo Twitter) alegou que o pai de Jiang trabalha para uma organização não governamental que funciona como “agente quase-diplomático” do partido chinês, embora estas acusações não tenham sido verificadas de forma independente.
Por outro lado, utilizadores chineses apontaram que a organização ligada ao pai de Jiang conta com apoio de empresas e fundações americanas, sugerindo uma narrativa mais complexa. Comentários sarcásticos em redes sociais chinesas expressaram o desejo de que Jiang permanecesse no estrangeiro, valorizando o seu talento longe da China.
Uma mensagem de humanidade e união que toca o público
Apesar da polémica, a visão de Jiang sobre uma “humanidade partilhada” tocou muitos estudantes e internautas. A graduada destacou o valor das salas de aula internacionais em Harvard, onde aprendeu a “dançar entre as tradições uns dos outros” e a “carregar o peso dos mundos alheios”.
“Se ainda acreditamos num futuro comum, não nos esqueçamos: aqueles que rotulamos como inimigos também são humanos. Ao reconhecer a sua humanidade, encontramos a nossa própria”, afirmou Jiang, que completou os dois últimos anos do ensino secundário no Reino Unido e a licenciatura na Universidade Duke, nos EUA.
Harvard conta com cerca de 6.800 estudantes internacionais, representando mais de 27% do corpo estudantil, sendo aproximadamente um terço destes provenientes da China.
M.S.
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