EUA impõem tarifas de 50% e travam brasileiros a partir de hoje
- Monica Stahelin
- há 6 dias
- 3 min de leitura

Casa Branca justifica medida com alegadas ameaças à segurança nacional; sectores como o café, calçado e carne bovina entre os mais atingidos.
Entram em vigor esta quarta-feira, 6 de Agosto, as novas tarifas de importação dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A medida, decretada pelo presidente Donald Trump na semana passada, eleva as taxas para 50%, numa decisão que, segundo a Casa Branca, responde a acções do governo brasileiro consideradas uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”.
O aumento representa uma sobretaxa de 40 pontos percentuais em relação às alíquotas anteriores, e deverá ter impacto significativo sobre as relações comerciais entre os dois países. Os EUA são o segundo maior destino das exportações do Brasil, ficando atrás apenas da China. Com a nova política, 44,6% dos produtos exportados para o mercado norte-americano passarão a ser taxados.
Produtos isentos e sectores poupados
Apesar do amplo alcance da medida, uma lista com 694 produtos foi poupada das novas tarifas. Entre os itens excluídos estão o suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, fertilizantes, veículos e componentes automóveis, bem como certos produtos energéticos. Estes sectores, por agora, mantêm livre acesso ao mercado norte-americano sem aumento de custo.
Exportadores brasileiros em alerta
Cerca de 3,8 mil produtos brasileiros serão afectados pelas novas tarifas. Entre os sectores mais prejudicados está o do café, uma das principais commodities brasileiras. Os Estados Unidos são os maiores consumidores mundiais de café e importaram, só em 2024, cerca de 2 mil milhões de dólares do grão brasileiro. Com a taxa de 50%, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) antecipa perda de competitividade e aumento do preço final para o consumidor americano.
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Também o sector calçadista será fortemente penalizado. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), a nova tarifa pode tornar inviável a presença do produto brasileiro no mercado dos EUA, que é o principal destino internacional do sector. No primeiro semestre de 2025, foram exportados 5,8 milhões de pares, no valor de 111,8 milhões de dólares.
Outro sector duramente atingido é o da carne bovina. Em 2024, os EUA importaram 1,6 mil milhões de dólares em carne vermelha brasileira, o que representa 17% das exportações totais do produto. O impacto da tarifa deverá afectar directamente os frigoríficos e produtores.
As vendas externas de frutas também serão afectadas. Apesar de a laranja e o seu sumo terem ficado de fora das novas tarifas, outras variedades como manga, mamão, melancia, melão e uva foram incluídas, colocando em risco um volume anual de exportações estimado em 1,28 mil milhões de dólares.
No sector têxtil, quase todos os produtos foram abrangidos pelas tarifas, com excepção dos cordéis de sisal. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), a nova política tarifária poderá inviabilizar a produção de têxteis com destino aos EUA.
Reacções e perspectivas
A medida adoptada pelos Estados Unidos causou inquietação entre os exportadores do Brasil e pode voltar a intensificar os atritos comerciais entre as duas nações. Representantes de vários sectores já solicitaram a intervenção do governo brasileiro junto às autoridades norte-americanas. Até ao momento, não houve qualquer posicionamento oficial por parte do Palácio do Planalto.
Com os novos encargos, especialistas alertam para a possibilidade de redução do volume de exportações, perda de competitividade e aumento de preços para os consumidores finais nos EUA, especialmente em sectores como o alimentar e o vestuário.
M.S.
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