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Face ao tarifaço, Lula da Silva aposta no diálogo com os BRICS

Lula da Silva
Face ao tarifaço, Lula da Silva aposta no diálogo com os BRICS © Adriano Machado/Reuters

O presidente brasileiro critica a sobretaxa imposta pelos EUA e defende a soberania nacional.


O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que não irá procurar o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, enquanto não sentir abertura para o diálogo. Em entrevista à agência Reuters, Lula sublinhou que não pretende "humilhar-se" diante de Trump, num momento de tensão crescente entre os dois países, causado pela imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.


A sobretaxa entrou em vigor esta quarta-feira e afecta aproximadamente 35,9% das exportações do Brasil para os Estados Unidos, segundo estimativas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Produtos como carne e café estão entre os mais prejudicados, enquanto itens como suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e fertilizantes foram excluídos da medida.


Crítica ao unilateralismo e aposta nos BRICS

Durante a entrevista, Lula acusou Donald Trump de preferir o unilateralismo ao diálogo multilateral, numa crítica directa ao afastamento dos EUA da Organização Mundial do Comércio (OMC). “O presidente Trump é contra o multilateralismo. Ele prefere negociar país a país, em vez de através da OMC”, afirmou.


Em resposta à medida americana, o governo brasileiro recorreu formalmente à OMC, dando início a um processo de consultas, primeira etapa para uma possível disputa no organismo internacional. Ainda que reconheça as limitações actuais da OMC, Lula considerou essencial defender o sistema multilateral.


O Presidente brasileiro também revelou que pretende discutir o impacto das tarifas no âmbito do BRICS, grupo que reúne economias emergentes como Brasil, China, Rússia, Índia e outros. “Vou tentar fazer uma discussão com eles sobre como cada país está afectado, quais são as implicações e que decisões podemos tomar”, disse. Lula sublinhou ainda o peso político do grupo, recordando que dez países do BRICS integram actualmente o G20.


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Sem retaliação, mas com firmeza

Apesar da escalada nas tensões, Lula garantiu que o Brasil não irá retaliar com novas tarifas sobre produtos norte-americanos, uma medida que poderia gerar impacto negativo na inflação interna. “Não vou fazer, porque não quero ter o mesmo comportamento dele. Quero mostrar que, quando um não quer, dois não brigam. Eu não quero brigar com os EUA”, afirmou.


Lula também criticou o que considera ser uma tentativa de interferência nos assuntos internos do Brasil. Um dos argumentos de Trump para justificar a imposição das tarifas é o processo judicial movido contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado. Trump classificou o processo como uma "caça às bruxas", mas Lula refutou essa visão, salientando que o Brasil é um Estado soberano, com instituições sólidas e independentes.


O presidente brasileiro acusou ainda o líder norte-americano de tentar influenciar o país em favor de grandes empresas de tecnologia dos EUA, conhecidas como "big techs", num esforço para evitar regulamentações locais. “O Brasil tem o direito de estabelecer regras para empresas que actuam no seu território, tal como os EUA fazem no seu”, concluiu.


M.S.


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