top of page

Famílias de vítimas da Air India recebem corpos trocados

Amanda Donaghey
Famílias de vítimas da Air India recebem corpos trocados © Courtesy of The Family of Fiongal Greenlaw-Meek

Amanda Donaghey, uma mãe profundamente enlutada, viajou desde a sua residência em França até à cidade de Ahmedabad, na Índia, com o objetivo de recolher os restos mortais do seu filho, Fiongal Greenlaw-Meek, que perdeu a vida no trágico desastre do voo Air India 171. No entanto, a sua dor foi agravada ao descobrir que o corpo que lhe foi entregue não correspondia ao do seu filho, um erro que lançou uma sombra de angústia sobre toda a família.


Fiongal, de 39 anos, estava a regressar ao Reino Unido após uma viagem à Índia ao lado do marido, Jamie, de 45 anos. O casal comemorara recentemente o seu aniversário de casamento e, antes de embarcarem no voo fatal, partilharam nas redes sociais um vídeo onde expressavam a felicidade pela “experiência mágica” vivida, despedindo-se da Índia. Tragicamente, o Boeing 787 caiu segundos após a descolagem, resultando na morte de todos os passageiros e tripulantes, com exceção de uma única pessoa.


Confusão na identificação dos corpos gera sofrimento e incertezas

Três dias após o acidente, as autoridades indianas informaram Amanda Donaghey que o ADN do seu filho tinha sido identificado num dos corpos recuperados do desastre. Com esta confirmação, ela regressou ao Reino Unido, preparada para organizar o funeral do filho ao lado do marido, cujos restos já tinham sido reconhecidos e repatriados.


No entanto, pouco tempo depois, um médico legista britânico, após realizar uma segunda análise de ADN, revelou que o corpo entregue não pertencia a Fiongal. Este erro chocante lançou a família numa situação de angústia e confusão. Amanda Donaghey declarou ao jornal Sunday Times: “Não sabemos a quem pertencem os restos mortais que nos foram entregues. Isto é uma situação verdadeiramente horrível.”


Publicidade


Este caso não é isolado. Miten Patel, familiar de outra vítima, afirmou que o caixão que pensava conter os restos da sua mãe, Shobhana, de 71 anos, na verdade continha outros vestígios não identificados. Shobhana e o seu marido Ashok, de 74 anos, também faleceram no desastre e foram enterrados recentemente no Reino Unido, mas permanecem dúvidas sobre a correta identificação dos corpos que foram sepultados na Índia sem uma segunda análise genética.


Famílias exigem respostas e transparência às autoridades

As famílias das vítimas enfrentam agora um duplo sofrimento: a perda dos seus entes queridos e a incerteza sobre a correta identificação dos corpos. James Healey Pratt, advogado especializado em aviação e representante de 20 famílias, está em contacto constante com o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido e as autoridades indianas. Ele sublinha que as famílias merecem esclarecimentos detalhados sobre como ocorreu esta confusão na identificação dos restos mortais, denunciando a possibilidade de “mistura de ADN” e procedimentos falhos.


Por sua vez, um porta-voz do governo britânico afirmou que a responsabilidade pela identificação formal das vítimas cabe às autoridades indianas, que estão a colaborar tanto com o governo central como com as autoridades regionais. Reconheceu ainda o carácter “extremamente doloroso” deste período para todos os que perderam familiares no acidente.


Este episódio abre também um debate mais vasto sobre os procedimentos internacionais na identificação de vítimas em acidentes aéreos, realçando a necessidade de protocolos rigorosos e maior cooperação entre países para evitar erros que só aumentam o sofrimento das famílias já devastadas.


B.N.


Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal da Globe News

Comments


PODE GOSTAR DE LER...

bottom of page