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Fantasporto: O Festival de Cinema Fantástico em Busca de Renovação

“Criadores de ídolos”, de Luís Diogo, com Ricardo Carriço e Rafaela de Sá
Fantasporto: O Festival de Cinema Fantástico em Busca de Renovação © Direitos Reservados

A 45.ª edição do Fantasporto, um dos maiores festivais de cinema fantástico do país, ocorrerá de 28 de fevereiro a 9 de março, no Batalha Centro de Cinema, no Porto. O evento deste ano será inaugurado com o filme português Criadores de ídolos, de Luís Diogo, que questiona o culto das celebridades, e encerrado com Stealing Pulp Fiction, uma comédia exuberante com Jason Alexander sobre um grupo de cinéfilos em busca de uma cópia rara do filme de Quentin Tarantino.


Embora o festival tenha sido um colosso nas décadas de 1980 e 1990, com uma enorme relevância artística, a edição de 2025 traz consigo uma luta pela sua pertinência. O festival, fundado em 1981, enfrenta hoje dois grandes desafios: a queda do orçamento e as mudanças no comportamento do público.


Desafios Financeiros e a Mudança de Hábitos do Público

O diretor do Fantasporto, Mário Dorminsky, revelou que o orçamento do festival em 2025 representa apenas 20% do que foi investido em 2000, quando o festival contava com mais de um milhão de euros. Além disso, o comportamento dos espectadores mudou drasticamente: com o crescimento das plataformas de streaming e do acesso a filmes pela televisão e internet, muitas pessoas passaram a consumir cinema em casa, diminuindo a procura por sessões de cinema. "Dantes, as pessoas iam ao cinema para ver filmes. Hoje, a maioria consome os filmes no conforto de casa", afirmou Dorminsky.


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Uma terceira razão que contribui para a dificuldade de renovação do festival é o facto de a direção se manter inalterada por mais de 40 anos. Dorminsky e a sua mulher Beatriz Pacheco Pereira continuam a liderar o evento, sendo a equipa de direção mais antiga do mundo em um festival de cinema.


A Apologia ao Novo Público

Apesar dos desafios, o 45.º Fantasporto busca captar um novo público. Dorminsky fez um apelo social para que pais incentivem os filhos a conhecer e participar no evento, apelando para as gerações mais novas, que talvez não conheçam a importância do festival. “Pedimos aos pais, ao público que nós criamos e formamos em tantos anos, que chateiem os filhos para virem ao Fantas”, disse o diretor.


Temáticas Contemporâneas no Foco do Festival

O 45.º Fantasporto traz um programa recheado de temáticas atuais e provocadoras, abordando questões como os desafios da inteligência artificial, o bullying, a propaganda política, e as alterações climáticas. Destaque para filmes como Sana, Let Me Hear, de Takashi Shimizu, que explora a violência escolar, e Zinema, um documentário sobre a manipulação da narrativa da guerra na Ucrânia, produzido pelo cineasta ucraniano Kornii Hrytsiuk.


O festival também dedica especial atenção à representação da mulher no cinema com uma retrospetiva de cinco filmes de Taiwan, abordando a emancipação feminina. Além disso, será exibido o filme norueguês The Carnation Revolution, que traz uma visão externa sobre a Revolução do 25 de Abril, e A Caixa, a primeira ficção angolana a ser apresentada no programa do Fantas.


Reconhecimento Internacional e Cinema Desafiador

Com 150 convidados estrangeiros confirmados, sendo metade provenientes da Ásia, o festival destacará cinematografias inovadoras, como as do Japão, Coreia e Hong Kong, que se tornam cada vez mais relevantes no cenário cinematográfico global. Entre os filmes a serem exibidos, estão títulos como Indera, do cineasta malaio Woo Ming Jin, Cielo, de Alberto Sciamma, e o thriller Peter Five Eight, com Kevin Spacey no papel de um assassino sombrio.


Uma História de Persistência

Mário Dorminsky, que fundou o Fantasporto em 1981 aos 25 anos, é agora o diretor mais antigo de um festival de cinema no mundo. Com 69 anos, ele e Beatriz Pacheco Pereira permanecem à frente do evento, com a meta de chegar aos 50 anos de história até 2030. “O Fantas ainda nos dá muito gozo, é um prazer”, afirmou Dorminsky, deixando claro o compromisso com o futuro do festival.


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O 45.º Fantasporto, portanto, não é apenas um evento de celebração do cinema fantástico, mas também um reflexo da luta de um festival pela renovação e pelo reencontro com a sua relevância num cenário cinematográfico em constante evolução.


M.S.


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