Governo brasileiro apela ao patriotismo para enfrentar tarifas dos EUA
- Monica Stahelin
- 14 de jul.
- 2 min de leitura

O Governo brasileiro, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está a recorrer ao patriotismo para enfrentar as recentes tarifas de 50% impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos importados do Brasil. A resposta oficial surge após a ofensiva norte-americana, associada a aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, que tem provocado tensões comerciais significativas.
Num evento público realizado no Espírito Santo, na passada sexta-feira, Lula utilizou símbolos nacionais para mobilizar o sentimento patriótico. O presidente surgiu com um boné onde se lia a frase “O Brasil é dos Brasileiros”, criada pelo ministro da Secretaria de Comunicação do Planalto, Sidónio Palmeira. Durante a sua intervenção, quase toda dedicada à crise com os EUA, Lula criticou fortemente Jair Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro pela sua colaboração com a administração Trump, que resultou nas sanções comerciais ao Brasil. O chefe de Estado afirmou que lutará para reverter as tarifas e, caso não seja possível, aplicará a Lei da Reciprocidade.
“Este país não baixará a cabeça para ninguém. Ninguém porá medo neste país com discurso e com bravata. Eu acredito que teremos o apoio do povo brasileiro, que não aceita provocações”, declarou Lula.
PT intensifica críticas a Bolsonaro e domina redes sociais
Paralelamente ao discurso presidencial, o Partido dos Trabalhadores (PT) lançou a campanha “Defenda o Brasil”, que usa as cores verde e amarelo, além da bandeira nacional, para responsabilizar Jair Bolsonaro pela imposição das tarifas norte-americanas. A iniciativa tem obtido destaque nas redes sociais, com o termo “Bolsonaro taxou o Brasil” a figurar entre os assuntos mais comentados no Twitter.
O presidente nacional do PT, senador Humberto Costa, destacou o crescimento da influência digital da sigla, sobretudo após a discussão sobre justiça tributária. “Estamos a conseguir, depois de muito tempo, um equilíbrio nas redes sociais. A nossa tendência é ocupar mais espaços”, afirmou, referindo-se ainda ao papel de Eduardo Bolsonaro no alinhamento com o governo dos EUA para sancionar o Brasil.
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O deputado federal Jilmar Tatto, secretário nacional de Comunicação do PT, reforçou que a campanha visa demonstrar a ligação entre o bolsonarismo e as sanções económicas norte-americanas, acusando o grupo de buscar chantagear o Poder Judiciário brasileiro. Tatto salientou ainda que as medidas não prejudicam apenas o Governo federal, mas também trabalhadores de estados governados por aliados de Bolsonaro, que inicialmente celebraram as tarifas.
Especialistas apontam que a estratégia do PT consiste em inverter o discurso bolsonarista, centralizando a responsabilidade pelo conflito comercial na família Bolsonaro e restituindo ao patriotismo um sentido associado à defesa soberana do Brasil. O cientista político Rodrigo Prando assinalou que o episódio poderá deslocar o simbolismo do patriotismo do campo conservador para o progressista, o que representaria uma mudança significativa no debate político nacional.
M.S.
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Achei interessante ver o governo atual apostando no patriotismo para unir o país diante das tarifas dos EUA. Essa disputa política parece mais uma briga entre Lula e Bolsonaro do que uma estratégia clara para resolver a questão. Tomara que, no fim, quem ganhe mesmo seja o Brasil, e não só o jogo político.