Guterres: Fundo do mar não pode ser um novo Velho Oeste
- Beatriz S. Nascimento
- há 2 dias
- 3 min de leitura

O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, lançou esta segunda-feira, em Nice, França, um forte apelo à comunidade internacional para travar a exploração desregulada dos fundos marinhos, alertando que “o fundo do mar não pode tornar-se um Velho Oeste”. A declaração foi feita durante a sessão de abertura da terceira Cimeira dos Oceanos das Nações Unidas, um encontro de alto nível que junta líderes mundiais, cientistas, organizações não-governamentais e representantes da sociedade civil com o objetivo de reforçar os esforços globais para proteger os oceanos.
“Espero que possamos inverter esta situação. Que possamos substituir a pilhagem pela proteção”, afirmou Guterres, numa intervenção marcada por tom crítico e pela urgência da ação. O líder da ONU sublinhou que os ecossistemas marinhos estão sob crescente ameaça, fruto da sobrepesca, da poluição e das alterações climáticas, defendendo que é necessário estabelecer regras claras e vinculativas para evitar o colapso dos sistemas oceânicos.
“Sem um oceano saudável, não pode haver um planeta saudável”
Guterres aproveitou a ocasião para destacar o papel vital dos oceanos na regulação do clima e na produção de oxigénio, alertando que a sua deterioração representa um risco existencial para o planeta. “Sem um oceano saudável, não pode haver um planeta saudável”, declarou, recordando que os sinais de alerta são já visíveis: os stocks de peixe estão em colapso, os recifes de coral desaparecem a um ritmo alarmante e vastas áreas do oceano tornam-se zonas mortas devido à poluição e à acidificação.
O Secretário-Geral enfatizou a necessidade de uma resposta multilateral coordenada, centrada na proteção da biodiversidade marinha. Referiu como exemplo positivo a recente adoção do Acordo sobre a Diversidade Biológica Marinha em Áreas para Além da Jurisdição Nacional, aprovado pelas Nações Unidas após anos de negociações. Considerou o tratado um “avanço histórico”, mas lembrou que só será eficaz se for rapidamente ratificado por todos os países signatários. “Insto todos os Estados a ratificarem o texto para garantir a sua entrada em vigor e implementação plena”, apelou.
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Cimeira decorre até 13 de junho com foco na ação concreta
A Cimeira dos Oceanos decorre até ao dia 13 de junho, e é organizada em parceria entre a França e a Costa Rica. O encontro insere-se numa série de iniciativas internacionais que procuram travar a rápida degradação dos mares, promovendo o equilíbrio entre exploração e conservação dos recursos marinhos. Entre os temas em debate estão a governança das águas internacionais, a pesca sustentável, a proteção de habitats vulneráveis e o impacto da atividade humana sobre os oceanos.
Para além dos discursos institucionais, a cimeira contará com sessões técnicas, painéis de discussão e mesas redondas onde serão apresentados projetos científicos e propostas de políticas públicas para mitigar os danos já causados e prevenir novas ameaças. Espera-se que, ao final do encontro, sejam firmados compromissos concretos por parte dos governos e organizações presentes.
Guterres concluiu a sua intervenção com uma mensagem clara: “Ainda é possível mudar de rumo, mas o tempo está a esgotar-se. A proteção dos oceanos deve ser uma prioridade absoluta para todos nós — pela saúde do planeta e das gerações futuras”.
B.N.
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