Hospital de Maputo: 50 anos da sua ‘Arca de Noé’ médica
- Monica Stahelin
- 16 de jun.
- 2 min de leitura

O Hospital Central de Maputo (HCM), a maior unidade de saúde de Moçambique, assinala este ano 50 anos desde que se tornou um símbolo da cooperação internacional na área da saúde, logo após a independência do país, proclamada a 25 de junho de 1975. Fernando Vaz, que assumiu a direção do HCM logo após a independência, relembra o período em que a unidade hospitalar acolheu médicos de várias partes do mundo, tornando-se uma autêntica “Arca de Noé” pela multiplicidade de nacionalidades presentes.
“Na altura, tínhamos cerca de 30 a 35 médicos. Vieram colegas africanos, soviéticos, da Guiné-Conacri, da Zâmbia… tantos que o hospital parecia uma Arca de Noé”, afirmou o também cirurgião, em entrevista à agência Lusa. A chegada deste apoio foi essencial para suprir a carência de profissionais qualificados, numa altura em que o hospital recebia cerca de mil doentes por dia.
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Enfermagem como Pilar do Sistema Nacional de Saúde
Para além do esforço médico, Fernando Vaz destaca o papel central dos enfermeiros, responsáveis pela formação de novos profissionais e pela ligação entre os médicos e a população. “Felizmente, a enfermagem garantia o funcionamento do hospital central. Por isso fundei a Anemo (Associação de Enfermagem de Moçambique) e criei a Ordem dos Enfermeiros”, explicou, sublinhando a importância desta classe profissional na sustentabilidade dos cuidados de saúde.
Vaz, que também foi vice-ministro e ministro da Saúde, bem como médico pessoal de Samora Machel, fundou ou integrou diversas instituições ligadas ao sector, incluindo a Ordem dos Médicos de Moçambique e o Instituto Superior de Ciências de Saúde.
Entre as prioridades do governo moçambicano no sector da saúde pós-independência estavam a expansão da rede sanitária, o reforço da medicina preventiva, saneamento básico, vacinação em massa e a formação intensiva dos profissionais de saúde. “Felizmente, implementou-se a estratégia dos cuidados de saúde primários, com uma rede estruturada desde postos de saúde até hospitais centrais”, referiu.
“Evolução positiva” ao longo das décadas
Ao fazer um balanço dos 50 anos de independência, Fernando Vaz enaltece os avanços alcançados: “Acabou-se com o racismo e a discriminação. Hoje, todos os doentes são tratados de igual forma. Foram criadas carreiras técnico-profissionais, e há mais unidades de saúde”.
Apesar dos desafios que persistem, o antigo dirigente considera fundamental envolver as comunidades na promoção da própria saúde, como forma de garantir um sistema de saúde mais resiliente e sustentável.
M.S.
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