Impasse com Trump leva Brasil a agir preventivamente
- Monica Stahelin
- 22 de jul.
- 2 min de leitura

O Ministro da Economia garante que o país permanece empenhado no diálogo, mas reconhece riscos com tarifa de 50% anunciada por Trump.
O Governo brasileiro admitiu, esta segunda-feira, estar a preparar medidas de contingência caso as negociações com os Estados Unidos sobre tarifas comerciais não avancem e a nova taxa de 50% sobre importações entre em vigor a partir de 1 de agosto. O anúncio foi feito pelo ministro da Economia, Fernando Haddad, numa entrevista à rádio CBN, onde reforçou que o Brasil permanece comprometido com o diálogo, mas não descarta a possibilidade de impasse.
“A determinação do Presidente [Luiz Inácio Lula da Silva] é que continuemos engajados permanentemente”, declarou o ministro, sublinhando que o país já enviou duas comunicações formais à Casa Branca, a última na semana passada. “Temos plano de contingência para qualquer decisão que venha a ser tomada pelo Presidente da República”, acrescentou, sem revelar detalhes sobre as medidas em estudo.
Risco real de agravamento nas relações bilaterais
Fernando Haddad integra o comité interministerial criado pelo Governo brasileiro para responder à ameaça imposta pelo Presidente norte-americano, Donald Trump. Segundo o ministro, estão a ser analisados instrumentos de apoio aos sectores que poderão ser mais impactados, caso a tarifa adicional se concretize.
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O agravamento nas relações entre Brasília e Washington ocorre após Trump acusar o Brasil de manter uma política comercial “muito injusta”, alegando desequilíbrios provocados por barreiras tarifárias e não-tarifárias. Contudo, dados oficiais mostram que os Estados Unidos registam excedente comercial com o Brasil desde 2009.
Além das críticas ao modelo comercial brasileiro, Trump referiu ainda o tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, actualmente alvo de processo no Supremo Tribunal Federal por alegada tentativa de golpe de Estado, na sequência das eleições de 2022. Para Haddad, a origem da tensão actual reside na aproximação pessoal entre Trump e Bolsonaro, e na influência da “força política de extrema-direita no Brasil que actua contra os interesses nacionais”.
Apesar do clima tenso, o Governo brasileiro insiste que não abandonará a via diplomática. “O Brasil nunca saiu e nunca sairá da mesa de negociações”, afirmou o ministro da Economia, reiterando a intenção de manter o diálogo até ao limite do prazo estabelecido por Washington.
M.S.
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