Israelitas matam palestinianos junto a centros de ajuda em Gaza
- Beatriz S. Nascimento
- 20 de jul.
- 2 min de leitura

Testemunhas descrevem disparos indiscriminados contra civis famintos à procura de alimentos
Pelo menos 32 palestinianos foram mortos a tiro por forças israelitas enquanto procuravam alimentos em centros de distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde local. O incidente ocorreu nas imediações de locais operados pela Gaza Humanitarian Foundation (GHF), uma organização apoiada pelos Estados Unidos e por Israel, que começou a atuar na região em maio.
A GHF afirma ter distribuído milhões de refeições desde o início da operação, procurando substituir o tradicional sistema de distribuição liderado pelas Nações Unidas. Israel acusa o movimento Hamas de se apropriar dos bens fornecidos pela ONU, embora a organização internacional negue tais alegações.
Relatos multiplicam-se: mortos e feridos ao tentar obter ajuda
Desde que a GHF iniciou as suas atividades, aumentaram os relatos de civis mortos a tiro enquanto esperavam por alimentos. Testemunhas e autoridades médicas em Gaza afirmam que centenas de pessoas já foram atingidas por disparos quando se aproximavam dos centros de ajuda.
De acordo com os militares israelitas, os soldados não estavam fisicamente presentes nos locais de distribuição, mas asseguravam o perímetro à distância. Afirmam ter efetuado apenas tiros de aviso contra suspeitos que se aproximaram das tropas, cerca de um quilómetro do local, que, segundo indicam, não se encontrava operacional no momento.
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No entanto, moradores de Gaza desmentem a versão oficial. Mohammed al-Khalidi, que fazia parte do grupo que se aproximava do local, disse não ter ouvido qualquer aviso antes do início dos disparos. “Pensámos que vinham organizar-nos para receber ajuda. De repente vimos os jipes de um lado e os tanques do outro, e começaram a disparar”, relatou à agência Reuters.
Outro residente, Mahmoud Mokeimar, afirmou que os soldados israelitas abriram fogo de forma indiscriminada. “Vi pelo menos três corpos caídos e muitos feridos a tentar fugir.” Já Akram Aker referiu que os disparos foram efetuados com metralhadoras montadas em tanques e também por drones, entre as 5h e as 6h da manhã.
A GHF tinha advertido a população para não se aproximar dos centros antes das 6h, devido a possíveis atividades militares. No entanto, Sanaa al-Jaberi contou que os tiros começaram mesmo após essa hora, quando centenas de pessoas começaram a correr em direção ao local. “Isto é comida ou é morte? Porque é que não nos falam? Só nos disparam”, lamentou, mostrando o saco vazio que levava consigo.
Clima de insegurança agrava crise humanitária
A situação em Gaza continua a deteriorar-se, com relatos quase diários de civis abatidos enquanto tentam aceder à ajuda humanitária. Organizações de direitos humanos têm expressado preocupação com a segurança dos civis e a gestão militar das zonas de distribuição. O incidente eleva ainda mais as tensões num território já marcado por conflito prolongado, escassez de bens essenciais e instabilidade generalizada.
B.N.
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