Lula denuncia Trump por chantagem e critica aliados internos
- Monica Stahelin
- 18 de jul.
- 2 min de leitura

Durante uma declaração oficial exibida em rede nacional de rádio e televisão nesta quinta-feira, 17 de julho, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, descreveu como “chantagem inaceitável” a carta enviada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na qual foi anunciada a aplicação de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
A medida, segundo Trump, teria sido motivada por alegados ataques do Brasil à liberdade de expressão e ao processo democrático norte-americano.
Lula declarou que o governo brasileiro realizou mais de dez encontros com representantes dos Estados Unidos e que, em 16 de maio, enviou um pedido oficial de resposta, que não foi atendido. De acordo com o presidente, a única resposta recebida foi uma carta contendo ameaças sem fundamento dirigidas às instituições do Brasil.
“O que esperávamos era uma resposta diplomática. O que recebemos foi uma ameaça disfarçada, com informações falsas sobre as relações comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos”, declarou Lula.
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Defesa das instituições e críticas internas
O presidente sublinhou que tentar interferir na justiça brasileira representa “um grave atentado à soberania nacional”. Reiterou ainda o compromisso do país com os princípios do Estado de Direito, destacando a independência do poder judicial e a importância do devido processo legal.
A carta de Trump surge no contexto do julgamento do ex-presidente brasileiro pelo Supremo Tribunal Federal, por tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro, episódio que tem sido usado pelo ex-presidente norte-americano para justificar o aumento das tarifas.
Durante o seu discurso, Lula também dirigiu críticas a políticos brasileiros que apoiam a decisão dos Estados Unidos. Sem mencionar nomes, referiu-se a esses agentes políticos como “verdadeiros traidores da pátria”.
“É revoltante saber que há quem, dentro do próprio Brasil, aplauda uma agressão externa. Apostam no caos e ignoram o impacto económico e social dessa medida sobre o nosso povo”, afirmou.
Um dos nomes ligados à aproximação com o governo Trump é o deputado federal Eduardo Bolsonaro, atualmente licenciado do mandato e a residir nos Estados Unidos. Eduardo tem defendido publicamente o aumento das tarifas como resposta a alegados abusos por parte do Supremo brasileiro. Ele é alvo de uma investigação conduzida pela Polícia Federal sobre a sua atuação em território norte-americano.
Pix sob investigação norte-americana
Outro ponto abordado por Lula foi a abertura de uma investigação pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos contra o sistema brasileiro de pagamentos digitais. Embora o Pix não tenha sido mencionado diretamente, a investigação refere-se a “serviços de pagamento electrónico operados pelo governo”.
Lula defendeu o sistema, afirmando que “o Pix é do Brasil” e que não serão tolerados ataques a um dos instrumentos financeiros mais utilizados pela população.
“Temos um dos sistemas de pagamento mais modernos do mundo. É um património do nosso povo e vamos protegê-lo com determinação”, concluiu o presidente.
M.S.
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