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Mineradores galeses lideraram o Pride de Londres

A improvável amizade entre mineiros e ativistas LGBT
Mineradores galeses lideraram o Pride de Londres © Jim Duxbury/ANL/REX/Shutterstock

A improvável amizade entre mineiros e ativistas LGBT que mudou a história dos direitos civis no Reino Unido


No verão de 1985, dezenas de mineiros galeses marcharam à frente do desfile do Pride em Londres — um gesto simbólico que selou uma das alianças mais inesperadas e poderosas da história moderna britânica. Liderados por homens robustos, de rostos endurecidos pelo trabalho nas minas de carvão, aquele cortejo era muito mais do que uma exibição de solidariedade: era o reflexo de uma amizade forjada na luta mútua contra a opressão.


O vínculo nasceu um ano antes, em 1984, durante a greve nacional dos mineiros britânicos contra o encerramento de 20 minas proposto pelo governo conservador de Margaret Thatcher, o que ameaçava mais de 20 mil empregos em comunidades fortemente dependentes da indústria do carvão. Ao mesmo tempo, a comunidade LGBT+ britânica enfrentava forte discriminação por parte das instituições estatais, da polícia à justiça, passando pelas escolas e pelos meios de comunicação.


Uma luta comum contra a opressão

Foi nesse contexto que Mike Jackson e o seu amigo Mark Ashton, ativistas gays de Londres, decidiram angariar fundos durante a marcha do Orgulho LGBTQ+ de 1984. A iniciativa teve tanto sucesso que deu origem ao grupo Lesbians and Gays Support the Miners (LGSM), que mobilizou a comunidade para apoiar financeiramente os mineiros em greve — mesmo sem conhecer pessoalmente os beneficiários da ajuda.


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Ao chegarem à vila mineira de Onllwyn, no País de Gales, os membros do LGSM foram recebidos com silêncio e desconfiança. Mas esse clima rapidamente se transformou num aplauso unânime de mais de 300 pessoas, marcando o início de uma solidariedade profunda entre dois grupos socialmente marginalizados.


“Apoiar os mineiros era a coisa mais óbvia a fazer”, relembra Mike Jackson, hoje com 71 anos. “Estávamos a passar por maus bocados. Sabíamos que se Thatcher ganhasse, a classe trabalhadora perderia.”


Um legado que perdura

O gesto dos mineiros, que viajaram até Londres para retribuir o apoio marchando na linha da frente do Pride de 1985, tornou-se símbolo de resistência e solidariedade interseccional. A aliança entre os dois movimentos também contribuiu para mudanças significativas no interior do Partido Trabalhista britânico, que, no ano seguinte, passou a defender formalmente os direitos das pessoas LGBT+.


Décadas depois, esta história inspirou o filme britânico Pride (2014), que retrata com humor e emoção a força dessa amizade inesperada — provando que a união entre causas pode gerar transformações duradouras.


B.N.


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1 Comment


Guest
há 18 horas

Essa aliança é muito lindo de se ver.

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