Morreu Mario Vargas Llosa, Nobel da Literatura e voz maior da liberdade
- Monica Stahelin
- 14 de abr.
- 2 min de leitura

O escritor peruano Mario Vargas Llosa, laureado com o Prémio Nobel da Literatura em 2010, faleceu este domingo, aos 89 anos, na sua residência em Lima, onde morava desde 2022. A notícia foi confirmada pelos filhos através de uma mensagem publicada nas redes sociais.
“Com profunda dor, tornamos público que o nosso pai, Mario Vargas Llosa, faleceu hoje em Lima, rodeado pela sua família e em paz”, escreveu o filho Álvaro Vargas Llosa na plataforma X (antigo Twitter). A mensagem foi também partilhada pela irmã, Morgana Vargas Llosa.
A família comunicou ainda que, conforme os desejos expressos pelo escritor, as cerimónias fúnebres decorrerão de forma privada e os restos mortais serão cremados. “Confiamos que teremos espaço e privacidade para nos despedirmos dele em família e na companhia dos seus amigos mais próximos”, referiram.
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Legado literário e político
Nascido a 28 de março de 1936, em Arequipa, no sul do Peru, Jorge Mario Pedro Vargas Llosa destacou-se como uma das figuras centrais da literatura latino-americana do século XX, tendo sido também jornalista, ensaísta, professor e político.
A sua obra é marcada por um olhar crítico sobre o poder, as hierarquias sociais e raciais, e as tensões políticas na América Latina. O autor abordava frequentemente a luta pela liberdade individual, em especial no contexto opressivo do Peru, seu país natal. O júri da Academia Sueca justificou a atribuição do Nobel pela sua “cartografia das estruturas do poder” e pela criação de “imagens mordazes da resistência, revolta e dos fracassos do indivíduo”.
Vargas Llosa afirmou repetidamente que, apesar do envolvimento político, gostaria de ser lembrado sobretudo pela escrita. “Sou basicamente um escritor e gostava de ser lembrado – se for lembrado – pela minha escrita e pelo meu trabalho”, declarou no seu discurso de aceitação do Nobel, sublinhando que as ideias políticas na literatura são “secundárias” em relação à complexidade da experiência humana.
Do entusiasmo revolucionário à defesa da democracia liberal
A trajetória política de Vargas Llosa foi marcada por mudanças significativas. Nos primeiros anos, manifestou apoio à revolução cubana e a Fidel Castro, mas com o tempo tornou-se crítico de regimes autoritários de esquerda e passou a defender o modelo da democracia liberal. Em 1990, candidatou-se à presidência do Peru por uma coligação de centro-direita, sendo derrotado por Alberto Fujimori.
Essa dimensão política atravessa grande parte da sua produção literária, com títulos como A Cidade e os Cães, Conversa na Catedral ou A Festa do Chibo a oferecer retratos densos e inquietantes da sociedade e da condição humana perante o poder.
A morte de Mario Vargas Llosa representa o fim de uma era no panorama literário internacional. Deixa uma obra vasta, traduzida em dezenas de línguas, que continuará a influenciar gerações de leitores e escritores em todo o mundo.
M.S.
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