Multidão despede-se de Preta Gil no Theatro Municipal do Rio de Janeiro
- Monica Stahelin
- 25 de jul.
- 3 min de leitura

Centenas de fãs prestaram homenagem à cantora, cuja cerimónia fúnebre decorre esta sexta-feira na Cinelândia. Cortejo passará por circuito que agora leva o nome da artista.
Último adeus a um ícone da música brasileira
Fãs da cantora Preta Gil formaram longas filas desde o início da manhã desta sexta-feira, dia 25 de julho, na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, para se despedirem da artista no Theatro Municipal. O velório, aberto ao público entre as 9h e as 13h, foi marcado por grande comoção. A cantora faleceu no domingo anterior, dia 20, em Nova Iorque, vítima de um cancro.
O corpo foi transportado até ao local numa cerimónia escoltada por batedores da Guarda Municipal, proveniente do Cemitério e Crematório da Penitência, na zona portuária da cidade, onde decorrerá a cremação. No trajeto, o cortejo passou pelo circuito dos megablocos do Carnaval carioca, que esta semana passou a chamar-se oficialmente "Circuito Preta Gil", numa homenagem póstuma à artista que se destacou como uma das grandes defensoras do Carnaval de rua.
A Prefeitura do Rio de Janeiro preparou um esquema especial de segurança, com interdições em redor do Theatro Municipal até às 18h. Após a cerimónia pública, o corpo será novamente transportado até ao cemitério, onde familiares e amigos próximos farão uma despedida reservada.
Fãs emocionados prestam tributo
Muitos admiradores deslocaram-se de várias regiões da cidade e do estado para prestar uma última homenagem. Norma Maria Bessa Pacheco, cabeleireira oriunda de Curicica, Zona Oeste, chegou ao local por volta das 6h15. Empunhava um cartaz em que exaltava a força de Preta Gil e da sua família. “Sou fã dela e do pai desde sempre. Acompanhei a carreira toda”, declarou.
A doméstica Teresa Marques dos Santos também madrugou para estar presente. “Ela espalhava alegria. Neste momento, os pais precisam do apoio das pessoas. É uma forma de mostrarmos gratidão”, disse, referindo-se a Gilberto Gil e Sandra Gadelha, pais da cantora.
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Tiago da Silva Nascimento, estudante de Maricá, saiu de casa às 4h para comparecer ao velório. “Ela foi importante para eu me entender como pessoa. Representava a comunidade LGBT e falava com verdade. Não gostava de Carnaval, mas por causa dela aprendi a amar”, afirmou emocionado.
Carreira marcada por irreverência e inclusão
Filha do cantor Gilberto Gil, afilhada de Gal Costa e sobrinha de Caetano Veloso, Preta Gil iniciou a sua carreira musical aos 29 anos, após trabalhar como produtora e publicitária. O seu primeiro álbum, Prêt-à-Porter, lançado em 2003, chamou atenção pela ousadia da capa e pela canção “Sinais de Fogo”, composta por Ana Carolina.
Ao longo da carreira, lançou seis álbuns e conquistou milhares de fãs com espectáculos como o Bloco da Preta e o Baile da Preta. “É o ponto alto do meu ano. Planeio tudo com carinho. É quando mais me sinto ligada ao meu público”, revelou em entrevista ao g1. Em 2017, o seu bloco carnavalesco arrastou mais de 500 mil pessoas no centro do Rio.
Preta também investiu na carreira empresarial, tornando-se sócia da agência Mynd, que geria a imagem de artistas como Luísa Sonza e Pabllo Vittar. Participou ainda em novelas e séries de televisão, demonstrando a sua versatilidade artística.
O seu último álbum, Todas as Cores (2017), contou com colaborações de nomes como Gal Costa, Pabllo Vittar e Marília Mendonça. Em 2021, lançou a canção “Meu Xodó” em parceria com o filho, Francisco, num momento de superação pessoal.
Com uma trajetória marcada por autenticidade, representatividade e resistência, Preta Gil deixa um legado cultural e afectivo que permanecerá vivo na memória de muitos brasileiros e admiradores espalhados pelo mundo.
M.S.
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Preta foi uma pessoa maravilhosa, ela merece todas as homenagens possíveis.