Município de Nampula investe na permanência escolar de raparigas
- Monica Stahelin
- 28 de jul.
- 2 min de leitura

Projeto liderado por Sónia Giquira procura reduzir o abandono escolar e promover a equidade de género.
O município de Nampula, o mais populoso do norte de Moçambique, está a desenvolver um programa pioneiro focado em garantir que as raparigas permaneçam na escola, incentivando-as a concluir os estudos. A iniciativa é coordenada por Sónia Giquira, docente universitária e esposa do presidente do município, e pretende posicionar as raparigas como agentes de mudança social e educativa nas suas comunidades.
Mais de 100 alunas e aproximadamente 60 escolas primárias de diversos bairros da cidade estiveram envolvidas na ação. De acordo com a AIM, o município possui 64 escolas primárias, frequentadas por 265.369 alunos, dos quais 141.469 são raparigas.
Educação como base do progresso
Na apresentação do programa, Sónia Giquira enfatizou que as próprias raparigas devem ter um papel proativo na defesa do seu direito à educação, afirmando: “Estamos numa fase em que a educação das raparigas não pode ser apenas um ideal, mas sim uma urgência e uma prioridade essencial para o desenvolvimento sustentável do município.”
Ela reforçou também a importância de empoderar estas jovens, para que se tornem líderes nas suas comunidades, apoiando outras raparigas que enfrentam violência ou obstáculos culturais que limitam o acesso à escola. “Queremos que cada rapariga aqui presente ganhe autoconfiança e conhecimentos para apoiar outras, influenciar positivamente as famílias, os líderes locais e as autoridades”, explicou.
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Obstáculos estruturais continuam presentes
Bingston Mulenga, representante do Serviço Distrital da Educação, Juventude e Tecnologia, reconheceu a relevância das iniciativas municipais no fortalecimento das ações já em curso em benefício das crianças e jovens, mas chamou a atenção para problemas persistentes, como o abandono escolar, casamentos prematuros, gravidezes precoces e violência baseada no género.
Para enfrentar esses desafios, têm sido formados mobilizadores escolares e pontos focais de género e saúde, com o objetivo de tornar a intervenção mais eficaz. Além disso, a educação na província conta com 1.375 círculos funcionais de interesse, espaços destinados à denúncia de abusos, entrega de bicicletas a raparigas e divulgação de leis que protegem contra casamentos forçados.
Apesar dos avanços, a falta de recursos materiais continua a comprometer a qualidade do ensino. Em 2025, Nampula matriculou 2.062.327 estudantes dos 2.202.775 esperados, atingindo uma taxa de cobertura de 93,6%. No entanto, apenas 661.072 alunos têm carteiras, o que obriga mais de 1,4 milhão de estudantes a assistirem às aulas sentados no chão. Seriam necessárias mais 350.128 carteiras para cobrir esta necessidade.
Atualmente, a rede escolar da província conta com 2.483 escolas em funcionamento, um aumento em relação às 2.460 registadas até 2024.
M.S.
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