Netanyahu exige ação da Cruz Vermelha após vídeos de reféns
- Monica Stahelin
- 4 de ago.
- 3 min de leitura

O primeiro-ministro exige cuidados médicos e alimentos para sequestrados visivelmente debilitados.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, apelou ao Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para intervir junto dos reféns israelitas mantidos em cativeiro pelo Hamas, na Faixa de Gaza, exigindo o fornecimento imediato de alimentos e assistência médica. O pedido surgiu após a divulgação de vídeos perturbadores que mostram os reféns Rom Braslavski e Evyatar David em estado de extrema debilidade física. Ambos foram capturados durante o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023.
Em contacto com Julian Larison, chefe da delegação do CICV na região, Netanyahu instou a organização a envolver-se de forma directa na prestação de ajuda humanitária aos reféns. A Cruz Vermelha manifestou-se “consternada” com as imagens, sublinhando que “esta situação desastrosa precisa de terminar”, embora sem anunciar medidas adicionais.
Mobilização popular e críticas à resposta internacional
As reacções não tardaram. No sábado, dezenas de milhares de pessoas concentraram-se em Tel Aviv, exigindo acções mais concretas do governo para garantir a libertação dos reféns. A pressão pública intensificou-se após a divulgação dos vídeos, que muitos interpretaram como uma tentativa do Hamas de expor paralelismos com a crise humanitária vivida em Gaza, onde a ONU alerta para um risco elevado de fome generalizada.

Netanyahu acusou o grupo palestiniano de usar a população de Gaza como escudo humano, afirmando que o Hamas “mata de fome deliberadamente o seu próprio povo ao bloquear a ajuda humanitária”. O líder israelita apelou ainda à comunidade internacional para condenar o que classificou como “abusos criminosos de natureza nazista”.
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A responsável pela diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, descreveu os vídeos como "chocantes" e pediu a libertação dos reféns de forma "urgente e sem condições". Já o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, manifestou-se “profundamente perturbado” com as imagens, mas defendeu que Israel deve manter o envio de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza.
Tensões aumentam com visita polémica e balanço da guerra
A tensão intensificou-se após a deslocação do ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, à Esplanada das Mesquitas, situada em Jerusalém Oriental. O local, sagrado para muçulmanos e judeus, é tradicionalmente motivo de tensão. A Jordânia, que administra o espaço, classificou a visita como uma “provocação inaceitável”, enquanto o Hamas considerou o acto como mais uma “agressão contra o povo palestiniano”.
A guerra, iniciada em outubro do ano passado, já resultou em mais de 60 mil mortos na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde do território, controlado pelo Hamas. Israel contesta os números, mas a ONU reconhece a sua credibilidade. O ataque do Hamas a Israel, que desencadeou o conflito, matou 1.219 pessoas e resultou no sequestro de 251 indivíduos. De acordo com o Exército israelita, 49 ainda permanecem em cativeiro e 27 já terão morrido.
A situação humanitária em Gaza continua crítica. Apesar do levantamento parcial do bloqueio imposto por Israel em maio, a ajuda permitida permanece insuficiente. No domingo, 26 palestinianos morreram em bombardeamentos israelitas, incluindo nove pessoas que aguardavam alimentos junto a um centro de distribuição. Um funcionário do Crescente Vermelho Palestino também perdeu a vida após um ataque à sede da organização em Khan Yunis.
As imagens divulgadas pelos meios de comunicação, incluindo as registadas por um jornalista da AFP a bordo de um avião francês de ajuda humanitária, revelam destruição maciça nas zonas norte e costeiras de Gaza, acentuando o colapso das infraestruturas civis num território devastado por mais de nove meses de guerra.
M.S.
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