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Problemas com hospedagem colocam em risco a COP30 em Belém

Vista aérea de Belém, cidade-sede da COP 30
Problemas com hospedagem colocam em risco a COP30 em Belém © Reprodução/Agência Pará

Secretariado da ONU pode solicitar mudança de sede caso Brasil não resolva entraves logísticos; valores elevados e falta de estrutura preocupam delegações internacionais.


Delegações internacionais manifestam insatisfação com a logística

A realização da COP30 em Belém, prevista para novembro, está sob ameaça devido à grave crise de hospedagem que tem gerado descontentamento entre delegações de todo o mundo. O tema dominou os bastidores da 62.ª reunião dos Órgãos Subsidiários da Convenção-quadro das Nações Unidas para Mudança do Clima (SB62), que decorre desde a semana passada em Bona, na Alemanha. Representantes de diversas regiões geográficas, por meio do órgão consultivo Büro, transmitiram à delegação brasileira o alerta: caso não haja uma solução urgente, poderá ser formalmente solicitada a mudança da conferência para outra cidade brasileira.


Embora apenas o Brasil possa oficialmente alterar a sede do evento, uma eventual mudança seria um revés significativo para o país, tanto do ponto de vista político como económico. O governo federal já investiu cerca de 4,5 mil milhões de reais na preparação da COP30 em Belém. Além do impacto na imagem internacional do Brasil, tal mudança colocaria em causa o esforço conjunto das esferas federal, estadual e municipal.


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Alojamento caro, regras rígidas e incertezas logísticas

O principal motivo de queixa dos delegados estrangeiros prende-se com os preços praticados pelos hotéis e a falta de clareza nas condições de hospedagem. Diárias até cinco vezes superiores ao valor padrão reembolsado pela ONU (145 dólares) foram reportadas por representantes europeus. Soma-se a isso a rigidez nas políticas de cancelamento ou alteração de reservas, agravando ainda mais a insegurança logística para as mais de 190 nações participantes.


Frente à crescente pressão, o governo brasileiro tenta negociar com o setor hoteleiro e de turismo, até agora sem sucesso. A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), ligada ao Ministério da Justiça, iniciou uma investigação para apurar possíveis práticas abusivas por parte dos estabelecimentos, especialmente durante períodos de grande procura, como o Círio de Nazaré.


O Secretário Especial da COP30, Valter Correia, afirma que valores acima dos praticados durante o tradicional evento religioso não são aceitáveis. A aposta do governo é sensibilizar o setor para evitar medidas punitivas e garantir preços acessíveis e estrutura adequada.


Apesar da pressão, a organização brasileira mantém o compromisso de que todos os participantes terão acesso a alojamento digno. Segundo a Secretaria da COP30, existe um levantamento em curso que aponta para cerca de 30 mil opções de hospedagem. A expectativa é disponibilizar uma primeira listagem com 2.500 unidades ainda em junho, através de uma plataforma oficial, prometida há dois meses.


Enquanto isso, grupos como o dos países africanos já pedem abertamente a mudança de sede. O risco de exclusão de nações mais pobres, sem apoio financeiro para suportar os custos elevados, ameaça o carácter inclusivo e representativo da conferência. A menos de cinco meses da COP30, a pressão internacional cresce, e o Brasil corre contra o tempo para manter Belém como palco de um dos eventos climáticos mais importantes do mundo.


M.S.


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