Rachel Zegler brilha em Evita de Jamie Lloyd no London Palladium
- Monica Stahelin
- 2 de jul.
- 2 min de leitura

A nova encenação do clássico de Andrew Lloyd Webber e Tim Rice revela-se um triunfo teatral, com uma interpretação arrebatadora da jovem actriz.
Ignorem os críticos mais duros: Rachel Zegler é simplesmente arrebatadora na nova produção de Evita, dirigida por Jamie Lloyd, em exibição no prestigiado London Palladium até 6 de setembro. Esta versão moderna do musical de 1976, centrado na controversa primeira-dama argentina Eva Perón, mistura arrojo visual, comentário político e talento dramático em estado puro.
Com apenas 24 anos, Zegler revela uma presença em palco magnética e uma voz vibrante, capaz de emocionar e hipnotizar o público. É apenas o seu segundo grande papel no teatro, depois de interpretar Julieta na Broadway, mas a sua entrega é digna de uma veterana. No icónico momento em que entoa Don’t Cry for Me Argentina do balcão do teatro — transmitido por ecrã para o público no interior — a actriz encarna Eva com carisma e intensidade, num gesto de puro virtuosismo cénico.
Uma visão ousada sobre poder, fama e desejo
Jamie Lloyd regressa a Evita com uma versão refinada da sua montagem de 2019, elevando a encenação a novos patamares de sensualidade e teatralidade. O palco é dominado por uma escadaria imponente coroada pelas letras gigantes de “E-V-I-T-A”, símbolo da ascensão social de Eva Duarte, desde a pobreza até ao estrelato e ao poder político.
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A encenação aposta num visual minimalista mas carregado de simbolismo, onde o design de Soutra Gilmour em tons cinzentos e azul Peronista dá o tom. A coreografia, a cargo de Fabian Aloise, exala energia e erotismo, com corpos em constante tensão e movimento. Os homens desfilam em tronco nu, enquanto as mulheres exibem poder físico em movimentos marcados e sensuais.
Zegler adopta a imagem icónica de Eva apenas no clímax do espetáculo — com peruca loira e jóias reluzentes — sublinhando a artificialidade da figura pública e o jogo de aparências envolvido na construção de ídolos políticos. Ao seu lado, Diego Andres Rodriguez destaca-se como Che, o opositor provocador, numa performance corporal e vocal carregada de ironia e desafio. James Olivas, por sua vez, interpreta Juan Perón com rigidez e contenção, inserindo-se num corpo militar masculino tão glamoroso quanto ameaçador.
Esta nova leitura de Evita recupera a força do texto original de Lloyd Webber e Tim Rice, ao mesmo tempo que o projeta num contexto atual, onde a fama, o populismo e a crítica pública são temas ainda mais relevantes. Entre momentos de pura grandiosidade musical — como Rainbow High ou Another Suitcase in Another Hall — e cenas de provocação e confronto, o espetáculo afirma-se como um marco do teatro contemporâneo.
M.S.
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