Reveladas escutas de alegado jantar entre Sócrates e Salgado
- Monica Stahelin
- há 23 horas
- 2 min de leitura

Ex-primeiro-ministro nega ter participado no encontro apesar das interceções telefónicas.
O Ministério Público de Portugal confrontou, esta terça-feira, José Sócrates com gravações telefónicas que apontam para a marcação de um jantar, em 2014, na residência de Ricardo Salgado.
Durante a audiência do julgamento da Operação Marquês, a decorrer no Tribunal Central Criminal de Lisboa, foram ouvidas interceções realizadas em abril desse ano, nas quais a secretária do antigo chefe do Governo confirma a sua participação no encontro.
De acordo com o Ministério Público, o jantar teria acontecido em Cascais, na casa do ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES), e deveria contar igualmente com a presença de Henrique Granadeiro, então líder executivo da Portugal Telecom (PT). José Sócrates, contudo, reiterou em tribunal que a refeição nunca chegou a concretizar-se. "Fui convidado para jantar, mas o jantar não aconteceu, e estou convicto de que não aconteceu justamente porque o dr. Henrique Granadeiro não apareceu", declarou o antigo governante.
Declarações contradizem escutas telefónicas
Apesar da negativa, as escutas reproduzidas em tribunal mostram Sócrates, no dia seguinte à data combinada, a referir-se à refeição como tendo ocorrido. O Ministério Público procura utilizar este elemento como forma de fortalecer a associação entre o antigo governante e protagonistas-chave do processo, com destaque para Ricardo Salgado.
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José Sócrates, de 67 anos, está a ser julgado por 22 crimes no âmbito da Operação Marquês, entre os quais se incluem três acusações de corrupção. É acusado de ter recebido vantagens indevidas em troca de favores a grupos económicos como o Grupo Lena, o Grupo Espírito Santo e o projeto Vale do Lobo, no Algarve.
Entre os restantes arguidos do processo encontram-se Ricardo Salgado, de 81 anos, atualmente diagnosticado com Alzheimer, e Henrique Granadeiro, também com 81 anos. No total, 21 arguidos respondem por 117 crimes de natureza económico-financeira. Todos têm negado a prática de ilícitos.
O julgamento será retomado esta quarta-feira, com o Ministério Público a apresentar novos pedidos de esclarecimento, nomeadamente sobre a relação de José Sócrates com o Grupo Lena.
M.S.
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