Terceira árvore mais antiga de SP cai durante chuva no Centro
- Monica Stahelin
- 13 de mar.
- 3 min de leitura
Uma das árvores mais icónicas da cidade de São Paulo, a terceira mais antiga da capital paulista, caiu durante a forte chuva que atingiu a cidade na tarde desta quarta-feira, 12 de março. A árvore, um chichá da Mata Atlântica, estava localizada no Largo do Arouche, no Centro, e tinha aproximadamente 30 metros de altura. Estima-se que a planta, que possui uma grande importância histórica e ambiental, estivesse no local há cerca de 200 anos.
Uma perda para a cidade e os moradores
Nas redes sociais, moradores lamentaram a queda da árvore e destacaram a tristeza pela perda de um "pedaço da história". “Lamentável! Não existe volta... Essa é uma perda definitiva", comentou uma moradora, questionando se os responsáveis pela manutenção dos espaços públicos ficariam entristecidos com o ocorrido. O episódio também chamou atenção pelo fato de, já no início do ano, a árvore ter sido alvo de críticas devido à necessidade de cuidados e manutenção.
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Os desafios da arborização urbana em São Paulo
A queda de árvores em São Paulo não é um incidente isolado, mas sim parte de um problema histórico que afeta a cidade há décadas. Especialistas apontam que a combinação de fatores, como o tamanho inadequado das calçadas, a presença de árvores doentes, podas mal realizadas e as intempéries, tem contribuído para o aumento das quedas. Para o pesquisador Sérgio Brazolin, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o problema tem raízes desde a primeira arborização da cidade, realizada há cerca de 70 a 80 anos, quando não houve um planejamento adequado para o tamanho das árvores em relação ao espaço disponível nas calçadas.
“É comum ver árvores de 15, 20 metros em calçadas pequenas. Isso faz com que a árvore cresça de forma desproporcional ao seu ambiente, tornando-a vulnerável a quedas”, explica Brazolin.
A falta de acompanhamento técnico da saúde das árvores também é apontada como um fator relevante. Árvores podem se tornar frágeis devido ao apodrecimento interno ou infestação de cupins, por exemplo. A manutenção regular, com o acompanhamento de especialistas, é vista como uma solução essencial para garantir a segurança e saúde das árvores urbanas.
Fatores agravantes e soluções necessárias
A fiação elétrica aérea também é um problema recorrente apontado por especialistas. Segundo o paisagista Ricardo Cardim, a presença dos cabos aéreos mutila muitas árvores e impede o seu crescimento saudável. Para ele, a solução seria enterrar a fiação elétrica, uma medida que ainda é pouco adotada pela cidade, apesar de algumas áreas, como a Avenida Paulista, já contarem com esse tipo de infraestrutura.
Além disso, a combinação de ventos fortes e chuvas intensas, comuns durante o verão paulista, acaba por tornar o cenário ainda mais perigoso. Cardim alerta que a falta de investimentos na preservação das áreas verdes de São Paulo tem contribuído para tragédias como a queda dessa árvore.
“O poder público ainda não entendeu que as áreas verdes são essenciais para a qualidade de vida e saúde da população e precisam de cuidados adequados”, destaca o paisagista.
O que pode ser feito?
A solução para o problema das quedas de árvores não passa necessariamente pela remoção das grandes árvores urbanas, que desempenham um papel crucial na melhoria da qualidade do ar e no bem-estar da população. Especialistas sugerem que o manejo adequado, que inclua podas cuidadosas e a remoção de árvores doentes, é essencial para garantir a segurança e o equilíbrio ecológico da cidade.
A população também pode contribuir para a preservação da arborização urbana, solicitando podas e cuidados através do número 156 ou do aplicativo de serviços da Prefeitura de São Paulo. Com o apoio da comunidade e um planejamento mais eficaz por parte das autoridades, é possível melhorar a saúde das árvores e evitar novos incidentes.
M.S.
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