Trump anuncia possível tarifa de 35% sobre produtos canadianos

Monica Stahelin
11 de jul.
3 min de leitura

Primeiro-ministro Carney promete defender trabalhadores e empresas nacionais.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que irá impor tarifas de 35% sobre os produtos canadianos a partir de 1 de agosto, mesmo numa fase em que os dois países se aproximam do prazo final para alcançar um novo acordo comercial. A declaração surgiu através de uma carta divulgada na plataforma Truth Social, onde o líder norte-americano lançou ainda ameaças de tarifas generalizadas entre 15% e 20% sobre a maioria dos parceiros comerciais dos EUA.

Em resposta, o primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, afirmou que o seu governo continuará a proteger os trabalhadores e empresas do país. "O Canadá não cederá perante ameaças unilaterais", garantiu, acrescentando que continua empenhado nas negociações com os Estados Unidos para alcançar uma solução que beneficie ambos os lados.

Tarifas separadas das medidas sectoriais já em vigor

Segundo Trump, estas novas tarifas não substituem as medidas já existentes, mas antes acrescem às tarifas sectoriais que o seu governo tem vindo a aplicar. O Canadá já se encontra sujeito a uma tarifa de 25% sobre determinados bens, bem como aos impactos das tarifas globais impostas sobre o aço, o alumínio e o setor automóvel. Embora exista uma isenção para produtos que cumpram as regras do Acordo Canadá–Estados Unidos–México (CUSMA), ainda não está claro se estas novas medidas afetarão também os bens abrangidos por esse acordo.

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Trump reforçou que não haverá tarifas caso as empresas canadianas decidam transferir a produção para os Estados Unidos. O Presidente norte-americano associou ainda as medidas comerciais ao que classificou como "falha do Canadá" em conter o tráfico de fentanil para território norte-americano, bem como às tarifas canadianas sobre produtos lácteos dos EUA e ao défice comercial entre os dois países.

Resposta canadiana e contexto negocial

O primeiro-ministro Carney respondeu às críticas destacando que o Canadá tem tomado medidas significativas para combater o tráfico de fentanil. Entre essas ações, estão o reforço da vigilância nas fronteiras e a designação de um responsável específico para coordenar a resposta à crise. De acordo com dados da agência norte-americana de Alfândega e Proteção de Fronteiras, apenas 0,2% das apreensões de fentanil ocorrem na fronteira com o Canadá, sendo a esmagadora maioria registada na fronteira com o México.

Nos últimos tempos, os dois países têm estado envolvidos em negociações intensas na tentativa de firmar um novo acordo nas áreas do comércio e da segurança. Durante a Cimeira do G7, realizada em junho, Trump e Carney comprometeram-se a concluir esse acordo até 21 de julho. Ainda assim, o Presidente dos EUA advertiu que poderá aumentar as tarifas se o Canadá decidir responder com medidas semelhantes. O governo canadiano já aplicou tarifas de retaliação e garantiu que novas medidas poderão ser tomadas caso o entendimento não seja alcançado dentro do prazo estabelecido.

No final de junho, Carney revogou um imposto sobre grandes empresas tecnológicas dos EUA, depois de Trump ter considerado a medida como uma "ofensiva direta" e ameaçado suspender as negociações comerciais. O líder canadiano afirmou que a retirada da taxa fez parte de uma negociação mais ampla sobre comércio bilateral.