Trump propõe novo plano de paz em encontro com Netanyahu
- Monica Stahelin
- há 1 dia
- 3 min de leitura

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, irá apresentar um novo plano de paz para pôr fim à guerra entre Israel e Gaza durante uma reunião agendada com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, esta segunda-feira na Casa Branca.
Apesar do otimismo demonstrado por Trump, que afirmou na sexta-feira: "Acho que temos um acordo", o líder israelita afirmou no domingo que o plano "ainda não está finalizado". Por sua vez, o grupo Hamas declarou não ter recebido formalmente qualquer proposta.
Principais pontos do plano
Segundo documentos divulgados por meios de comunicação norte-americanos e israelitas, o plano prevê a libertação de todos os reféns num prazo de 48 horas após a confirmação do acordo. Em troca, Israel libertaria centenas de prisioneiros palestinianos condenados a penas de prisão perpétua.
Elementos do Hamas que aceitarem o cessar-fogo seriam abrangidos por uma amnistia e teriam passagem segura para fora da Faixa de Gaza. A organização perderia qualquer papel futuro na administração do território e todas as suas estruturas militares seriam desmanteladas.
O plano inclui ainda a retirada gradual das Forças de Defesa de Israel (IDF) do enclave e a criação de um governo de transição interino em Gaza. Esta abordagem representa uma mudança significativa na posição da administração Trump, que anteriormente defendeu a deslocação em massa da população de Gaza e a reconstrução da região sob controlo norte-americano.
Contrariando propostas anteriores, a nova iniciativa encoraja os palestinianos a permanecerem em Gaza e reconhece as aspirações de criação de um Estado palestiniano. Prevê também um futuro papel para a Autoridade Palestiniana, condicionado à implementação de reformas internas.
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Divisões no governo israelita
A proposta surge num momento de crescente pressão sobre Netanyahu, tanto a nível interno como externo. Apesar de manter uma posição firme contra a criação de um Estado palestiniano e de considerar a Autoridade Palestiniana "profundamente corrupta", o primeiro-ministro enfrenta críticas crescentes da população israelita e das famílias dos 48 reféns ainda detidos em Gaza.
A ala mais radical da coligação governamental tem-se mostrado hostil a qualquer concessão. O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, já afirmou que o seu partido rejeitará qualquer plano que mencione um Estado palestiniano ou que envolva a Autoridade Palestiniana. Por sua vez, o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, declarou que Netanyahu "não tem mandato" para pôr fim à guerra sem uma "derrota decisiva do Hamas".
Ainda assim, o líder da oposição, Yair Lapid, expressou apoio a um eventual acordo, garantindo a Trump e às autoridades norte-americanas que Netanyahu teria o seu apoio no parlamento para um cessar-fogo e libertação dos reféns.
Pressão internacional e contexto humanitário
Trump tem demonstrado impaciência com o prolongamento do conflito e manifestou desagrado pelos recentes ataques aéreos israelitas contra alvos no Qatar, aliado dos EUA, numa tentativa de eliminar líderes do Hamas. O presidente norte-americano também rejeitou qualquer plano de anexação da Cisjordânia por parte de Israel.
Durante a Assembleia-Geral das Nações Unidas, Trump reuniu-se com líderes de países como a Arábia Saudita, Egipto, Qatar e Turquia, considerando esse encontro "o mais importante do dia". O seu enviado especial, Steve Witkoff, afirmou estar "esperançoso e confiante" de que um avanço será anunciado em breve.
O conflito intensificou-se após o ataque liderado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, que resultou em cerca de 1.200 mortos e 251 reféns. Desde então, mais de 66 mil pessoas foram mortas em Gaza, segundo o ministério da Saúde local, gerido pelo Hamas.
A crise humanitária no território é cada vez mais grave. Em agosto, uma entidade apoiada pela ONU confirmou a ocorrência de fome em Gaza. Mais recentemente, uma comissão de inquérito da ONU concluiu que Israel cometeu atos de genocídio – uma acusação fortemente rejeitada por Telavive.
M.S.
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